Assistência técnica do IDR abre mercado para alimentos de comunidade indígena
Com assessoria do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater), a comunidade indígena Pinhalzinho, no município de Tomazina, conseguiu o certificado de produção orgânica para 16 famílias. Além da certificação, a assistência técnica apresentou opções de mercado seguro para a comercialização do excedente produzido.
Segundo Adriano Lúcio Alboneti, extensionista do IDR-Paraná que presta assistência técnica à aldeia, nem tudo que as famílias produziam no local estava sendo consumido pela comunidade, o que motivou a mudança. “Como pela cultura e tradição da comunidade não utilizavam agroquímicos, buscamos a certificação da produção, o que agregou valor e abriu um mercado justo e seguro para destinar o excedente”, explica.
A certificação de conformidade orgânica foi obtida junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária, depois da constituição de uma organização chamada Organismo de Controle Social, que reuniu as famílias interessadas.
“Montamos toda a documentação, encaminhamos para o Mapa e conseguimos a certificação, que permite a venda desses alimentos diretamente para os consumidores ou através de canais oficiais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, o que resolve a necessidade das famílias”, diz Alboneti.
Depois da certificação, o IDR-Paraná aproximou as famílias da Associação de Produtores da Agricultura Familiar de Siqueira Campos (APAFASC), que reúne outros produtores da região para que, juntos, possam atender ao PAA ou o PNAE.
Os produtos mais produzidos na aldeia são raízes, tubérculos, grãos e frutas, principalmente mandioca, batata, banana, feijão e goiaba. A intenção é incrementar o cultivo de hortaliças folhosas com o objetivo de melhorar a dieta das famílias e ainda diversificar a oferta de produtos para o mercado.
Embora a comunidade tenha o total de 520 hectares, cada família certificada utiliza, em média, apenas dois hectares para o cultivo. “É o respeito que eles têm pela terra, não têm essa necessidade de expandir a área cultivada, de promover o desenvolvimento da monocultura. Aliás, mais da metade das terras da aldeia é de preservação. Então, a ideia deles não é aumentar o plantio, mas produzir um alimento com qualidade que possa servir a família e, então, vender o que sobra. E nós respeitamos essa tradição”, completa o extensionista.
A comunidade indígena Pinhalzinho foi demarcada em 1986 e o processo de desintrusão – retirada de famílias não indígenas do território – terminou apenas em 2009. Foi, aí, segundo o cacique Reginaldo Aparecido Alves, que as coisas começaram a se organizar melhor. “Em 2011, em parceria com o Instituto Tecnológico Federal do Paraná, conseguimos fazer o levantamento da sociobiodiversidade. Em 2019 conseguimos ficar livres de agrotóximos e começamos essa parceria com o IDR-Paraná, que agora teve esse grande resultado”, afirma.
Da AEN