Atenção Primária: setor da saúde tem aproximadamente 27% dos profissionais afastados

Saúde tem sido o gargalo das administrações públicas, principalmente, em tempos de pandemia. A falta de mão de obra especializada gera impactos ainda mais severos nesse setor. Toledo está com aproximadamente 27,92% dos profissionais da Atenção Primária afastados por motivo de saúde.

Na manhã de ontem (26), uma leitora entrou em contato com a equipe do JORNAL DO OESTE para reclamar da falta de profissionais no Centro de Saúde. Segundo a denunciante teriam 40 pessoas para receber atendimento, mas apenas oito vagas. “É um descaso com a população, com todo mundo que precisa”, comentou a leitora ao citar que chegou às 6 horas e já haviam pessoas esperando na fila desde às 4 horas. “Pra mim o Posto tem de ter médicos e não cartaz na porta”, desabafou.

AFASTAMENTOS POR MOTIVO DE SAÚDE – Em contato com a secretária municipal de Saúde, Gabriela Kucharski, ela relatou que dos 412 profissionais da Atenção Primária, 115 estão afastados por motivo de saúde (atestados). Atualmente, a Secretaria é composta por 1.038 funcionários, sendo que deste total 265 estão afastados por motivo de saúde ou estão em férias. “Isso representa em média 25,5% dos funcionários ou ¼ dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explicou a secretária.

Conforme Gabriela, o fato do servidor está afastado não significa que ele está com Covid-19 ou que contraiu o vírus no seu ambiente de trabalho. “Não podemos afirmar isso uma vez que nem todos estão na linha de frente do atendimento para a Covid-19”.

Ela citou como exemplo os funcionários da Atenção Primária, a exceção dos que trabalham nas Unidades Sentinelas. A secretária ainda mencionou que o ambiente de trabalho é um espaço controlado, com todas as condições ideais para que não ocorra a contaminação do vírus. “Não houve falta de distribuição de EPIs aos funcionários”, enfatizou Gabriela.

REFLEXOS – A secretária explicou que como as equipes não estão completas, os reflexos podem ser sentidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “Isso pode atingir toda a Atenção Primária e nos demais departamentos da Saúde, mesma situação que se repete nos demais setores da economia, dos serviços, etc”, comentou.

Na oportunidade, Gabriela citou que em relação ao Centro de Saúde, uma das médicas faltou, ontem, por motivo de consulta médica. “Isso reduziu a disponibilidade de vagas para o dia”. Essa situação deve estar normalizada nesta quinta-feira (27).

Gabriela ainda esclareceu que quando a equipe altera qualquer processo de trabalho na Secretaria pode refletir em outros serviços. Ela mencionou como exemplo o atendimento no Pronto Atendimento Municipal (PAM/Mini-hospital). “Devido à queda de casos de Covid-19 em dezembro de 2021, a equipe optou por voltar a realizar as consultas gerais no PAM, porém neste momento, em que os casos estão avançando, precisamos recuar da decisão e o Pronto Atendimento passa a atender somente pacientes com sintomas gripais. Com isso, os casos de emergência e de urgência são encaminhados para Unidade de Pronto Atendimento (UPA), a qual também está sobrecarregada”.

A secretária ponderou que a equipe aguardou para realizar a modificação na Atenção Primária, pois o desejo era não alterar esse fluxo de atendimento. “Quando transformamos duas UBSs em unidades sentinelas, os moradores dessas regiões são referenciados para outros locais, os quais também sobrecarregam”.

Gabriela destacou que quando um Município registra uma onda de pandemia similar a atual, todos os serviços ficam sobrecarregados. “E, mais uma vez, a Saúde precisa organizar a sua estrutura e os serviços. Toda a Saúde é penalizada”.

REALIDADE – Segundo a secretária, a média de atendimento no PAM está em 400 por dia. Quando a equipe decide abrir duas unidades sentinelas tem como objetivo reduzir a concentração de pessoas no Pronto Atendimento. Porém, essa não foi a realidade observada na última terça-feira (25).

Gabriela disse que a unidade sentinela do Panorama atendeu 200 pessoas, a do Cosmos 150 pessoas e o PAM continuou com a mesma média. “Nós observamos um aumento da demanda e ela é superior a nossa capacidade de atender. Além disso, temos mais de 25% da nossa força de trabalho afastada. Com isso, o reflexo será no tempo de espera por uma consulta”.

A situação não é exclusiva da Saúde e se reflete em diversos outros setores do município. “Neste momento, a Saúde está penalizada, porque a pandemia fica centralizada nela e as pessoas querem e precisam ser atendidas. Esse é o pior momento epidemiológico desde o começo da pandemia. A cada três minutos, um caso de Covid-19 é confirmado em Toledo”, destacou Gabriela.

CONSCIÊNCIA – A gestora da pasta enfatizou que as pessoas precisam ter a consciência sobre os cuidados preventivos para evitar o contágio ou a proliferação do vírus. “Não é preciso um decreto para a população saber o que deve ser feito. Quem está com suspeita ou positivo deve cumprir com o isolamento e quem está na ‘rua’ deve usar máscara, lavar as mãos com água e sabão, usar o álcool em gel, manter o ambiente ventilado e evitar aglomeração. O Sistema de Saúde está sobrecarregado e a única forma de conter é a população observar as medidas básicas de prevenção ao coronavírus”, finalizou Gabriela.

Da Redação

TOLEDO

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