Aventura: casal de motociclistas percorre 6.500 quilômetros em uma viagem de 18 dias

Quem gosta de aventura não pode ter medo do trecho. Traçar um roteiro ou deixar o destino ir levando, o importante é não perder as paisagens, conhecer novas culturas, provar os encantos culinários de cada nova parada e ter muitas histórias para contar. O casal, Gracinda Marina Castelo e Nélvio José Hübner, partiu para uma aventura sob as rodas de suas imponentes motocicletas. Foram percorridos 6.500 quilômetros em uma viagem que teve como trajeto belíssimas paisagens do Brasil, da Argentina e do Chile.

“Quatro casais – Dircéia (Di) e Valcir (Novo Sarandi); Leila e Adair (Pato Branco); Kateri e Moreno (Medianeira); eu e o Nélvio (Toledo) – dois casais por diferentes motivos não puderam participar e um casal nos acompanhou de caminhonete”, relata Gracinda ao mencionar que a viagem aconteceu entre os dias 3 a 20 de janeiro deste ano.

Gracinda conta que é uma aventura para os motociclistas fazerem o Deserto do Atacama. A ideia surgiu de um grupo do WhatsApp de Harleyros da antiga Harley de Cascavel (amigos motociclistas, ‘amantes’ destas máquinas). Um dos colegas (Valcir) fez um convite e gostaria de fazer a aventura e queria saber se alguém experiente poderia participar da aventura. O convite foi como um desafio e a viagem aconteceu.

Dez dias antes de pegaram a estrada já estava tudo preparado: adesivos, camisetas, passeios adquiridos, hotel em San Pedro do Atacama reservado, seguros feitos, toda a documentação pronta. “O colega que instigou a viagem sofreu um acidente e quebrou a mão no trabalho e aí foi bem desanimador. Com isso, o casal não desistiu da viagem e resolveu ir de caminhonete”.

PÉ NA ESTRADA –  No dia 3 de janeiro, o grupo pegou a estrada. No Brasil o percurso só foi até a Puerto Iguazú na Argentina, depois Resistência, Salta e Purmamarca; no Chile um dos pontos de parada foi San Pedro de Atacama, Antofagasta e La Serena. O retorno teve como passagem a cidade de Mendonza na Argentina, Córdova, Chajarí, até a chegada em Toledo.

“Nos passeios, chegamos a andar por estradas (rutas) de cascalhos (chamadas de rípio) bem complicadas, mais ou menos uns 500 km a mais de rodagem. Cada lugar uma grande aventura; cada ponto mais encantador que o outro; cada um mais exótico e diferente que o outro. Não tenho como escolher um lugar somente. Todos os lugares que passamos um grande espetáculo”, conta.

CULTURA E TRADIÇÕES – Segundo Gracinda, o respeito as tradições e culturas é preservado e relembrado de maneira forte no turismo. Ela destaca que cultura é uma mistura das tradições indígenas e da cultura espanhola e foi possível ter o contato com os povos nativos.

O grupo percorreu 6.500 quilômetros em uma viagem que teve como trajeto belíssimas paisagens do Brasil, da Argentina e do Chile – Foto: Arquivo pessoal

“A religião católica é muito notável a influência na população. Vimos muitas tribos no Chile; pequenos povoados. Já na Argentina é bem mais diversa, uma grande mistura. A expressão da arte muito forte no país. Como o país foi campeão da copa, via-se a todo momento o orgulho com os ídolos no futebol. A gastronomia é fantástica e os vinhos chilenos e argentinos o que se tem de melhor.  Notamos hábitos distintos de cada cultura. Tivemos muito aprendizado”.

RECEPTIVIDADE ESTRANGEIRA – A ‘aventureira’ destaca que o povo argentino é muito caloroso, gentil e atencioso, prestam auxílio e são divertidos. Já o povo chileno é mais reservado. “Eles não nos davam confiança, parecem desconfiados, claro que não podemos generalizar”, recorda ao relatar que na Aduana Chilena tiveram que aguardar quatro horas para serem liberados.

HISTÓRIAS DO TRECHO – Nos 18 dias de viagem, o grupo viveu e ouviu muitas histórias. “Foram tantas histórias e uma conexão tão maravilhosa que tivemos, de respeito mútuo. Poder apreciar juntos toda a beleza da natureza foi o que de melhor vivenciamos. E a pilotar juntos a conexão é muito profunda, sentes que estás totalmente conectado com aquele mundo. Fiquei muito próxima – enquanto pilotava na rodovia – de animais espetaculares que cruzavam a via. A sensação é impressionante. Temos o intercomunicador acoplado ao capacete, por isso, comunicamo-nos muito. O entusiasmos era enorme juntos”.

Entre tantos relatos, aquele que marcou foi cruzar com um grupo de uma família em que um senhor de 82 anos a pilotava uma Shadow 600 ano 2007. O senhor era da Ciudad del Este (Paraguai) e já havia percorrido mais de 5.000 quilômetros e ainda estava na estrada junto com seu filho, seu irmão e cunhada. “Isso foi, simplesmente, inspirador e muito gratificante. O senhor a pilotar, passei por ele em outro momento na rodovia. Parei no pedágio e o aplaudi. Mais jovens que nós e com incrível disposição”.

OS ‘ENROSCOS’ DO TRAJETO – Para Gracinda, as piores dificuldades foram as variações de temperatura. Ela lembra que o casal pilotou um dia inteiro com temperaturas que variaram entre 40 a 44°C e de uma hora para outra caiu para -2 °C.

“Passamos por temperaturas negativas à noite no deserto do Atacama (isso foi muito perigoso). Muito vento no deserto e a noite era congelante (chegou a derrubar a minha mota), cheguei a congelar as mãos. Tivemos que parar para aquecer e no deserto não tem lugares de paragem e faltam postos de abastecimento e descanso (maioria do percurso)”.

O casal pilotou ‘contornando’ o Oceano Pacífico – uma região que tem muitas turbinas eólicas – o que dificultou a viagem devidos aos ventos fortíssimos e sensação que seriam ‘arremessados’. “Faltavam aproximadamente 200 quilômetros para concluirmos a aventura, antes de sairmos da Argentina, a mota do marido bateu numa valeta de paralelepípedo e uma pedra partiu o cárter do motor, vazou todo o óleo do motor e a aventura da Fat Boy parou por ali, foi preciso chamar o guincho, que foi só até a aduana, outro guincho do Brasil foi buscá-la e levou-a para a Harley em Londrina. Eu fui a única que fez todo o percurso a pilotar. No último dia, foram quase 1000 km rodados até a casa”.

PRÓXIMOS DESTINOS – Na lista das próximas aventuras, o casal pretende fazer a Rota 66 nos EUA (U.S. Route 66). “Também queremos poder dar sequência na Cordilheira – com um comprimento equivalente a 8500 km e extensão de aproximadamente 700 km – pois, ainda há muito para vivenciar na América do Sul e está tão ‘pertinho’ de nós. Desse viagem, fica a conexão, o amor, o respeito, a aventura, estamos a nos permitir apreciar a beleza não tão oculta assim, o que realmente faz sentido, viver intensamente da melhor forma possível. O lema do grupo é ‘A vida pertence àqueles que ousam viver!’, nosso logotipo da viagem deixamos em pontos estratégicos pelo caminho para inspirar mais pessoas”, conclui.

Da Redação

TOLEDO

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.