Bovinocultura: Colégio Agrícola de Toledo inicia trabalho com a raça Purunã
Quatro fêmeas prenhas da raça Purunã já estão alojadas nas instalações do Colégio Agrícola Estadual de Toledo. Elas chegaram em fevereiro, mas somente na manhã de quinta-feira (28) ocorreu a solenidade de entrega em uma cerimônia realizada no auditório do Colégio Agrícola.
Para o recebimento desses exemplares de matrizes foi firmado um Termo de Cooperação Técnica, pois essa é a única raça bovina de corte idealizada por um centro estadual de pesquisa: o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR). Além das fêmeas, o Colégio também recebeu sêmen para as matrizes purunã e os animais de leite.
Conforme o coordenador da Mesorregião Oeste do IDR-PR, Ivan Decker Raupp, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná visa estar mais integrado com a comunidade e sincronizado para atender as demandas. Ele pontua que a entrega desses exemplares de matrizes é um passo e que outros trabalhos conjuntos devem acontecer.
Raupp explica que a raça é eminentemente paranaense (foi desenvolvida pelo IDR PR). “Devido a velocidade de crescimento dos animais, do ganho de peso, além da aptidão para a maternidade, fazem com que a raça tenha características adequadas para produção de carne”.
O Purunã é um bovino composto desenvolvido a partir de cruzamentos das raças charolês, aberdeen angus, caracu e canchim. A raça está presente em todas as regiões do Brasil, com destaque para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pará, Piauí, Bahia, Maranhão, Rondônia, Acre, Tocantins, Minas Gerais e Mato Grosso. O objetivo é que a raça purunã colabore com o Paraná para se tornar um produtor referência em carne de qualidade. Esses objetivos estão escritos e pautados no Programa Pecuária Moderna.
DIFUSÃO DA RAÇA QUE ACONTECE NO COLÉGIO – A parceria com o IDR PR visa fomentar a raça no Oeste do Estado. O Paraná pretende ser referência na produção de carne de qualidade. Após o Paraná se tornar Estado Livre de Febre Aftosa, ele deve seguir uma série de regras. Entre elas, permitir a entrada de bezerro com característica semelhante ao do Paraná. Com isso, o Estado passou a apresentar um déficit de bezerros e a raça purumã tem o intuito de gerar um bezerro com alto índice de desempenho, carne de qualidade e valor agregado.
“Podemos avançar nas parceiras, pois temos outros produtos que podemos para isso, como milho, mandioca, feijão. A ideia é ampliarmos cada vez mais esses trabalhos em parceria. Esse tipo de ação faz com que o Paraná seja diferente e isso torna nossa agricultura, nossa agropecuária mais fortes. Não somos caipiras, somos profissionais”, salienta o diretor de Gestão de Negócios do IDR PR, Altair Dorigo.
Para a diretora do Colégio Agrícola de Toledo, Celimar Trentin, receber os exemplares das matrizes é uma forma de colocar mais em evidência o trabalho do Colégio. “Com essa parceria é possível levar ainda mais conhecimento aos nossos estudantes”.
O coordenador de pecuária do Colégio Agrícola Estadual de Toledo, Abilio Leonel Bertol Bottega, explica que para receber as quatro fêmeas foi preciso preparar uma estrutura adequada. Ele cita que o sistema de corte difere do de leite, por isso, o Colégio precisou se adequar.
“Os animais são apresentados em aulas práticas que envolve desde o manejo, cuidados, entre outros fatores para atender as necessidades da bovinocultura de corte. Ou seja, o aluno vai acompanhar o crescimento diário do animal, saber qual é o melhor tipo de pastagem, como acontecem os cuidados pós parto, além de atender outras peculiaridades da Purunã. Com isso, propiciamos o manejo profissional e produtivo”, disse o coordenador.
O COLÉGIO – O Colégio Agrícola Estadual de Toledo, atualmente, conta com 12 turmas e 450 alunos em período integral, sendo que 180 estudantes moram no Colégio (ficam nos alojamentos anexos a estrutura de segunda a sexta). Anualmente, 180 técnicos em agropecuária são formados pela unidade.
Da Redação
TOLEDO
A RAÇA
O interesse dos pecuaristas por animais purunã tem ampliado desde que a raça foi oficializada. A raça purunã foi, oficialmente, reconhecida pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que também credenciou a ABCP para fazer o controle genealógico, procedimento que atesta a origem dos animais e de seus ascendentes e descendentes. O IDR PR procurou unir as características produtivas de grande interesse pelos pecuaristas em única raça e, a partir dela, dar sequência na produção de bezerros e novilhas que mantenham as características. Das quatro raças (charolês, aberdeen angus, caracu e canchim), foram selecionados os melhores exemplares de cada uma. Foram mais de três décadas de pesquisas até chegar ao atual resultado.