BRICS debate inovação verde e sustentabilidade digital em Brasília
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A sustentabilidade ambiental nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) foi tema do seminário “Green Digital Action”, realizado nesta quarta-feira (2/4), em Brasília (DF). Promovido pelo Grupo de Trabalho (GT) do BRICS sobre TICs, liderado pelo Ministério das Comunicações, o encontro contou com a apresentação de iniciativas já desenvolvidas pelos países membros do bloco.
Juliano Stanzani, diretor do Departamento de Política Setorial do MCom, classificou o evento como um dos principais produtos do grupo de trabalho deste ano, sendo considerado o ápice da discussão sobre sustentabilidade ambiental – um dos quatro temas selecionados pela presidência brasileira do BRICS para nortear os trabalhos em 2024.
“O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação é um provedor de bens e serviços que permeiam todas as atividades humanas, abrangendo tanto aspectos econômicos quanto aspirações sociais. As iniciativas inovadoras trazidas pelas TICs são essenciais para impulsionar soluções que contribuam para a busca contínua pelo respeito ao ecossistema e pelo desenvolvimento social e econômico”, destacou Stanzani na abertura do seminário.
Entre os temas abordados pelos países membros estiveram serviços de telecomunicações de emergência, eficiência energética e economia circular.
O conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Alexandre Freire, ressaltou o papel crucial do setor de telecomunicações na promoção da sustentabilidade ambiental e na implementação da inovação digital verde.
“A Anatel tem sido pioneira na integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU em suas operações. Como reguladora do setor de telecomunicações, promover esses objetivos é fundamental para a transformação digital e o desenvolvimento do país”, afirmou.
“Ao promover essa integração com os ODS, a Anatel busca criar uma infraestrutura resiliente que fomente a industrialização inclusiva e sustentável, acelerando a inovação tecnológica. Essa abordagem é essencial para enfrentar os desafios ambientais e, ao mesmo tempo, garantir o crescimento econômico, beneficiando todos os segmentos da sociedade”, completou.
Uma das iniciativas brasileiras apresentadas no seminário foi o sistema de emergência Cell Broadcast, conhecido como Defesa Civil Alerta. A ferramenta de envio de alertas de emergência do governo federal teve sua implantação coordenada pela Defesa Civil Nacional e pela Anatel, sendo executada pelas operadoras de telefonia móvel.
A tecnologia utiliza a rede de telefonia celular para emitir alertas sonoros e vibratórios, que se sobressaem a qualquer outro conteúdo em uso na tela do usuário, inclusive nos celulares em modo silencioso. Dessa forma, todas as pessoas em áreas de risco de desastres naturais, como alagamentos, enxurradas, enchentes, deslizamentos de terra e vendavais, recebem os alertas sem a necessidade de cadastro prévio.
No campo da economia circular, o Brasil apresentou o programa Computadores para Inclusão. Jordan Paiva, diretor do Departamento de Projetos de Infraestrutura e de Inclusão Digital do MCom, explicou que a iniciativa já doou mais de 58,3 mil computadores para 4,6 mil pontos de inclusão digital em mil municípios brasileiros.
O programa tem como objetivo apoiar e viabilizar iniciativas de inclusão digital por meio dos Centros de Recondicionamento de Computadores (CRC) – espaços físicos adaptados para o recondicionamento de equipamentos eletroeletrônicos e para a realização de cursos e oficinas, além de garantir o descarte adequado de resíduos eletrônicos. Atualmente, há 26 CRCs, que já ofereceram mais de 230 cursos, capacitando mais de 51 mil alunos para a era digital.
A China, por sua vez, destacou como os padrões verdes contribuem para a sustentabilidade ambiental, apresentando algumas das políticas e práticas de baixo carbono adotadas no país.
“O seminário ‘Green Digital Action’ é de suma importância, pois o digital não apenas afeta o meio ambiente, mas também agrega um valor significativo para a sustentabilidade. Nosso trabalho inclui a busca por melhorias na eficiência energética, a promoção do uso de energias renováveis, a avaliação dos impactos ambientais das TICs e a promoção da circularidade”, defendeu Shuguang QI, representante do Laboratório de Tecnologia de Telecomunicações da China.
Na sequência, a África do Sul enfatizou a eficiência energética em redes 5G e apresentou um estudo de caso sobre economia circular no setor de telecomunicações.
“Na África do Sul, trabalhamos para garantir que os indivíduos se beneficiem de todas as inovações e que as soluções sustentáveis sejam acessíveis a um número cada vez maior de pessoas”, afirmou Albert Lysko, um dos representantes do país.
A Índia e o Egito optaram por reforçar a importância do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no alerta precoce de desastres naturais e na mitigação de riscos no setor de telecomunicações de emergência.
Yasmina Ali, representante do Egito, afirmou que o país tem emitido políticas regulatórias que incentivam as operadoras licenciadas a integrarem soluções de energia limpa.
“Para apoiar essa transição, estão sendo oferecidos incentivos financeiros e operacionais para operadoras digitais, concessionárias de telecomunicações e empresas de energia eólica. Essas regulamentações têm o objetivo de estabelecer uma infraestrutura digital sustentável e de baixo carbono no país”, explicou.
O seminário “Green Digital Action” reforçou o compromisso do BRICS com a sustentabilidade, evidenciando como as TICs podem ser aliadas na construção de um futuro mais verde. O evento possibilitou a troca de experiências entre os países, impulsionando novas estratégias para enfrentar desafios ambientais sem comprometer o crescimento econômico e a inclusão digital.
Agência Gov | Via MCom