Campanha Janeiro Branco: saúde mental precisa de cuidados

As campanhas do Janeiro Branco visam promover a conscientização da promoção e proteção da saúde mental. A ideia é promover debates e incentivos sobre as necessidades relacionadas à saúde mental e emocional com o intuito de promover uma sociedade mais saudável s sem preconceito em tratar o tema.

A saúde mental também exige atenção e cuidados especiais. Segundo balanço da Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos anos as doenças mentais tiveram aumentos consideráveis, por isso, o alerta é reforçado.

“O Janeiro Branco foi determinado como um mês de conscientização sobre a saúde mental, em virtude da importância da frequência que os transtornos mentais acontecem na população em geral”, cita o médico psiquiatra, Ronan D’Ávila. “O branco significa sem preconceitos, sem tabus, sem resistência ao tema saúde”, explica ao enfatizar que o branco é a oportunidade para ‘escrever novamente’.

Conforme o médico, estimasse que aproximadamente 30% da população que procure o atendimento básico de saúde – um clínico geral – seja por queixas voltadas a saúde mental. “Infelizmente, essa demanda não está recebendo a atenção adequado, ou seja, o atendimento de especialistas nas áreas de psiquiatria e psicologia, pois está difícil conseguir vaga para esse paciente”.

AUMENTO DAS DOENÇAS MENTAIS – Segundo análise do profissional, é possível constatar que nos últimos dez anos o mundo tem observado o aumento da incidência de casos, principalmente, de transtorno depressivo. D’Ávila pontua que os índices ficaram ainda mais elevados depois de 2020 quando a depressão passou a ser considerada a doença mais incapacitante.

“Todos os transtornos de ansiedade também tem aumentado, principalmente, síndrome do pânico e ansiedade generalizada. A causa desse aumento ainda não é esclarecida pela literatura médica, mas acreditasse que uma nova era de imediatismo, de demandas aumentadas, de necessidade de rendimento, de busca incessante pelo sucesso como algo primordial e importante da vida – o que é um equívoco – tem contribuído para isso”, argumenta.

Em relação ao aumento dos casos, o psiquiatra acrescenta o fato das pessoas estarem mesmos ativas. Ele alerta que a falta de atividade física, o ganho de massa – algo que aumenta a inflamação do corpo – sono inadequado que interfere no ritmo biológico e, consequentemente, o aumento da insônia contribuem para a elevação de pacientes com transtornos mentais.

REFLEXOS DA PANDEMIA – O psiquiatra comenta que ainda é possível sentir os reflexos da pandemia no que se refere a saúde mental. “Durante a pandemia as pessoas adoeceram mais do que o esperado. Muitas tiveram um medo paralisante e isso não resulta em proteção, mas sim em adoecimento. As pessoas que já estavam em tratamento deixaram de tratar e ouve uma piora desses quadros, além dos novos casos que surgiram. O que vivemos, neste momento, é a sinistralidade tardia, ou seja, condições patológicas que deveriam ter sido remanejadas e resolvidas ainda no período de pandemia acabaram sendo adiadas”.

Diante de tantas consequências, a pandemia é vista como um ‘divisor de águas’ no que se refere à saúde mental. A pandemia testou os serviços de saúde em todos os seus aspectos. Além disso, a doença ocasionou a perdas de vidas humanas e familiares enlutados que não puderam realizar adequadamente cerimônias de despedida, atribuído ao sentimento de medo tomou conta das famílias.

AINDA EXISTE PRECONCEITO – Em relação aos tabus que envolvem a saúde mental, existem diversos empecilhos que impendem as pessoas de reconhecerem e de pedirem ajuda. Entre eles está a questão do preconceito e da resistência em buscar os atendimentos especializados.

“Ainda existem muitos tabus porque a antiga atenção a saúde mental criou dificuldades no que se refere a saúde mental. Os antigos centros de saúde mental eram desumanos, tinha a ideia de que a medicação causava sedação e que mais causava problemas do que ajudava. Além disso, a ideia de que era loucura, ou seja, a perda da capacidade de autonomia”, aponta.

O médico salienta que as pessoas que recebem o tratamento adequado têm noção de que esses tabus não tem fundamento. Contudo, aqueles não tratam continuam a acreditar que todas as emoções são controláveis, ou seja, que quando não se sente bem se torna alguém incapaz, que não é forte o suficiente. “Isso é uma falácia porque muito é controlado pelo cérebro e em muitos de nossos comportamentos ou hábitos não temos acesso conscientemente”.

Para D’Ávila, a quebra desses tabus precisa ocorrer de maneira inteligente. “Devemos combater o preconceito com inteligência, com tática e com estratégia. Contamos com as campanhas e, hoje, existem influenciadores nas redes sociais que falam muito bem sobre transtornos, bipolaridade, depressão, ansiedade e isso ajuda a quebrar o preconceito. Também encontramos livros – obras em que as pessoas abrem o jogo, falam que tratam e isso ajuda a vencer o preconceito e o tabu”, conclui ao reforçar a importância em buscar ajuda quando preciso.

Da Redação

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