Caps AD III/ SIM PR: serviço que leva a oportunidade de um recomeço

Acolher e ofertar o tratamento necessário ao paciente com transtornos decorrentes do uso abusivo ou da dependência do álcool é o foco dos trabalhos do Serviço Integrado de Saúde Mental (SIM PR) na modalidade Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD III). Após a redução dos atendimentos – devido a pandemia – o Centro busca retomar o crescimento dos atendimentos prestados.

“Durante a pandemia houve a diminuição dos atendimentos prestados pelos Caps AD III/ SIM PR – Ciscopar – sendo esta provocada principalmente pela suspensão dos atendimentos presenciais (Ambulatorial e Acolhimento Integral)”, cita a gerente do SIM PR, Franciele de Mari Costa, e a terapeuta Ocupacional, Aline Andreia Klein. “Durante este período foram realizadas orientações e busca ativa aos pacientes para garantir que os mesmos não abandonassem o tratamento”.

As profissionais pontuam que em 2021 e 2022 – com a vacinação e com a flexibilização das restrições impostadas e seguindo as orientações determinadas pelo Ministério da Saúde, Secretária de Saúde do Estado do Paraná, 20ª Regional de Saúde e Ciscopar para a proteção de funcionários e pacientes – os atendimentos começaram a ser retomados de maneira gradativa, sendo ofertado, primeiramente, os atendimentos de forma online aos municípios que conseguiram disponibilidade das ferramentas necessárias e ambiente adequado para a realização desta modalidade de atendimento. “Embora tenha sido ofertada esta nova modalidade de tratamento, nem todos os pacientes tiveram a oportunidade de continuar o seu acompanhamento junto ao serviço, permanecendo somente com renovações de receitas. E, posteriormente, em meados de abril de 2022, a volta por completo dos atendimentos presenciais (Triagens/ Consulta médica/ Acolhimento Integral)”, pontuam.

O Caps AD III/ SIM PR disponibiliza tratamento para dependência química a população adulta, além de poder atender adolescentes, destes municípios. “O Caps AD III/SIM PR possui duas formas de entrada do paciente no serviço, enquanto ‘portas abertas’ o paciente pode nos procurar e ser atendido por demanda própria ou ainda procurar em seu município os técnicos responsáveis pelo encaminhamento nos municípios consorciados. Assim como, oferta duas modalidades de tratamento a este público; uma delas é o Ambulatorial, nesta modalidade o paciente realiza o tratamento em seu domicílio vindo ao Caps AD III/SIM PR para os atendimentos individuais e oficinas terapêuticas”.

Já em relação ao Acolhimento Integral, as profissionais explicam que, nesse modelo, o paciente por demanda própria escolhe ficar no Centro em um período de até 14 dias dentro de 30 dias para sua desintoxicação. Quando o paciente saí do período de acolhimento integral, ele retorna ao seu município de origem com o que chamamos de plano de cuidado, o qual é elaborado em conjunto com o paciente e contem orientações sobre o que ele precisa fazer para dar continuidade de seu tratamento e assim a equipe acompanha a evolução da pessoa nesse trabalho em rede.

DESAFIOS E EXPECTATIVAS – “Em relação aos desafios de 2022, os principais envolveram a reorganização do serviço devido as mudanças de gerência e a retomada do crescimento dos atendimentos prestados”, apontam Franciele e Aline. “Já para este ano, visamos estar cada vez mais próximos dos municípios atendidos pelo serviço por meio da realização de matriciamentos, feedbacks sobre os atendimentos aos responsáveis técnicos dos municípios e busca ativa de pacientes”, concluem.

Tratamento contínuo ou acolhimento integral: cada caso é avaliado individualmente

Buscar novos significados para a vida faz parte do processo – Foto: Arquivo JO

A porta de entrada para o Serviço Integrado de Saúde Mental (SIM PR) na modalidade Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD III) acontece na Unidade Básica de Saúde (UBS). O paciente é encaminhado ao Caps AD III/SIM PR pelos profissionais cadastrados como técnicos de referência do município.

Ao chegar ao Centro, a pessoa é acolhida por um integrante da equipe multiprofissional. Ela passa pela primeira análise da situação, em que a equipe verifica se de fato a pessoa que veio buscar atendimento compete ao serviço, se sim, é iniciada a sequência dos serviços para melhor atender esse paciente.

O paciente Pedro* – nome fictício para não identificar a pessoa – está em acolhimento no Caps AD III/SIM PR. Ele conta que o primeiro contato com a bebida acontece quando tinha apenas 16 anos. “No início, a gente pensa que é apenas um copo, uma cervejinha, depois começa a beber vodka, whisky e quando percebe já não tem mais controle”.

O paciente conta que a luta já tem mais de cinco de anos, entre recaídas e tratamentos. “Estou com mais de 50 anos. Demorei muito para buscar ajuda, para reconhecer que eu precisa de tratamento, de atendimento para deixar o vício. Esse é o quinto tratamento, estou com esperança de que vou melhorar”.

Cada recomeço envolve dores e perdas na vida de Pedro*. Ele recorda que teve uma época que antes de ir para o trabalha, nas segundas, passava no bar, ao meio-dia também parava para beber e no fim da tarde seguia com o vício. Esse rotina comprometeu o trabalho e o convívio familiar.

“Não tem como mensurar o que a bebida faz a gente perder. Vejo no atendimento que estou recebendo hoje, nesse acolhimento, uma oportunidade de recomeçar. Talvez o recomeço fora do Caps AD III/SIM PR envolva mudar de cidade, ter novas amizades, mudar de vida. Me sinto muito bem aqui, a equipe é ótima, trata a gente muito bem, escuta, orienta, tem a parte de medicamento que também é fundamental. Acredito que vou melhorar”.

APOIO DA FAMÍLIA – “Desde a implantação do CAPS AD III/SIMPR, em 2014 até hoje, sempre foi reconhecida a importância da família no tratamento do dependente químico, buscando aproximar estes por meio de atendimento e oficinas. Contudo, esta participação sempre foi baixa”, observa a gerente do SIM PR, Franciele de Mari Costa, e a terapeuta Ocupacional, Aline Andreia Klein.

As profissionais pontuam que é necessário ressaltar que muitos pacientes se encontram com os vínculos familiares fragilizados, devido a tudo que envolve a dependência química e como também a uma inabilidade de manter e nutrir relacionamentos saudáveis com os outros e consigo mesmo. Tudo isso resulta em relacionamentos difíceis, desgastados ou destrutivos, o que é denominado de codependência.

“Uma grande parcela do público atendido pelo serviço encontra-se com os vínculos familiares rompidos. Contudo, existem aqueles que possuem os vínculos familiares bons, promovendo assim um suporte para a efetividade do tratamento deste paciente. A família tem papel importantíssimo na evolução do tratamento do paciente, pois ela pode dar suporte emocional e base para o autocuidado, que muitos já perderam”, destacam as profissionais.

Oficinas terapêuticas

Foto: Janaí Vieira

O serviço oferta as seguintes oficinas terapêuticas: Artesanato, Assembleia Normas SIM PR (para os pacientes em Acolhimento Integral), Jogos e Aplicação do Instrumento Roda da Vida pela Terapeuta Ocupacional; Autocuidado e Prevenção de Recaída desenvolvida pela psicóloga; Roda de Conversa: “Cuidados Preventivos”, “Educação em Saúde” e Confecção de Caixa de Medicação realizada pela equipe de Enfermagem; Previdência e Assistência social e Infecções Sexualmente Transmissíveis ministradas pela Assistente social; Cuidados com o ambiente externo sob supervisão da Terapeuta Ocupacional em parceria com as zeladoras; Orientações sobre Medicação desenvolvida pela farmacêutica e Reunião Alcoólatras Anônimos sob coordenação dos membros deste grupo de apoio.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Foto: Janaí Vieira

Missão: um serviço de referência articulado que proporcione reabilitação psicossocial do indivíduo com transtornos decorrentes do álcool e outras drogas.

Visão: constituir-se, até 2020, em um serviço de referência de excelência, que possibilite a reabilitação psicossocial do indivíduo com transtornos decorrentes de álcool e outras drogas, promovendo autonomia e qualidade de vida.

Valores: humanização, comprometimento, espírito de equipe, ética, respeito e efetividade.

EQUIPE

A equipe do Caps AD III/SIM PR é composta por um psicóloga, um assistente social, um terapeuta ocupacional, quatro enfermeiros (12×36), oito técnicos de enfermagem(12×36), um médico clinico geral com especialidade em saúde mental, um auxiliar administrativo, duas zeladoras (12×36 e 8 horas), quatro vigias (12×36), um farmacêutico e uma gerente/psicológa.

Competências do SIM PR:

Atender: Receber o cidadão e realizar o primeiro atendimento, visando identificar as suas principais demandas, expectativas e necessidades; avaliar a participação da família e da comunidade como fatores protetivos; Desenvolver plano de cuidados interdisciplinar, contendo metas factíveis pactuadas entre a equipe, o cidadão e a família; monitorar o plano de cuidados, analisar a adesão e o alcance das metas pactuadas. Se houver necessidade, corrigir os rumos e repactuar metas.

Acolher: propiciar ao cidadão a saída temporária do meio vulnerável onde se encontra para possibilitar o desenvolvimento de novas habilidade e atitudes para o enfrentamento dos problemas.

Reabilitar: despertar no cidadão a percepção do seu estado atual; possibilitar ao cidadão a identificação dos principais problemas e a construção de alternativas para solução.

Reinserir: fomentar o desenvolvimento de habilidades e atitudes para a identificação dos problemas e das soluções;possibilitar o desenvolvimento de competência para o autocuidado apoiado, para interagir positivamente com a família, a comunidade e construir um plano de vida.

*Informações site Ciscopar

Da Redação

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