Central de bioenergia EnerDinBo recebe resíduos da agroindústria

A expansão das agroindústrias na década de 1970 tem forte relação com o crescimento do Oeste do Paraná. Hoje, a região é um polo agrícola, com diversas atividades de beneficiamentos, que agregam valor à produção agropecuária. O ônus desse cenário em crescimento é a carência de alternativas e soluções em tratamento e destinação correta dos resíduos e derivados da produção e industrialização. A EnerDinBo voltou os olhares para esse cenário, e tem contribuído transformando o passivo ambiental em ativo gerador de energia, fornecendo em contrapartida ao produtor da biomassa residual a destinação correta dos resíduos, bem como o Certificado de Destinação Final de Resíduos, requerido pelos órgãos ambientais competentes.

A EnerDinBo iniciou suas atividades como usina híbrida, gerando energia elétrica por meio do biogás e da luz solar. A energia solar permanece nos planos do empreendimento, mas no momento deu espaço para uma ampliação na produção de biogás, com uma nova matéria-prima: os resíduos das agroindústrias. Restos da produção de laticínios, rações e da cadeia de proteína animal passaram a ser recebidos na sede da unidade, em Ouro Verde do Oeste. “Por mais que pareçam inofensivos, os resíduos animais e vegetais da agroindústria podem acabar ocasionando problemas ao meio ambiente como a contaminação do solo, poluição da água ou transmissão de doenças. Com a implementação desses resíduos, melhoramos a qualidade do nosso blend (mistura de diferentes matérias-primas). Assim, além de reduzirmos o impacto da produção industrial, também aumentamos a produção de biogás, por conta da maior concentração de sólidos voláteis na biomassa que dá entrada no biodigestor”, explica o diretor-técnico da EnerDinBo, Thiago González.

Com a ampliação dos resíduos recebidos e tratados, a unidade se torna uma central de bioenergia. Os descartes da produção agroindustrial se somam aos dejetos de suínos de 40 propriedades em um raio de 15 quilômetros de distância. Os excrementos dos porcos são um passivo ambiental significativo para a região, que é uma das principais produtoras de suínos do país. Por dia, a capacidade de tratamento da usina é de 700 m³ de dejetos.

Na EnerDinBo, o problema se torna solução, com a produção de biogás, biometano e biofertilizante. “O biodigestor é abastecido com matéria orgânica, no nosso caso dejetos de suínos. Ali dentro ocorre a digestão anaeróbia, sem a presença de oxigênio e aí surge o biogás e o biofertilizante ou digestato. Por mais que o digestato não substitua a chuva, ele ajuda a manter a umidade do solo com a matéria orgânica que ele ainda tem e com as outras características que são inerentes à aplicação com alguns nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, levando-os para dentro do solo”, detalha Thiago.

O biometano passará a ser produzido em breve, a partir de adequações que estão sendo feitas na central de bioenergia. A inclusão do combustível como produto ocorreu depois que a EnerDinBo foi selecionada no edital do GEF Biogás Brasil, iniciativa que é liderada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Os veículos que fazem o transporte dos resíduos de suínos e das agroindústrias serão abastecidos com biometano. “A novidade torna a usina ainda mais sustentável, já que o biometano é um combustível gerado de forma limpa e ajuda a reduzir as emissões de gases do efeito estufa e a poluição, melhorando a qualidade do ar”, conta Thiago. Cerca de R$ 1,5 milhão estão sendo usados para adequação dos caminhões e da planta de biogás e para a implantação da usina de biometano.

A nomenclatura muda, mas o desejo de transformar realidades permanece. “Gosto de destacar uma frase que tem nos movido: a usina é o nosso presente para a humanidade. Queremos continuar impactando a vida dos produtores e da sociedade em geral”, encerra o diretor da central, Valdinei Silva.

OURO VERDE DO OESTE

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.