Cesta básica de Toledo apresenta variação de 22,45% em um ano

O preço dos alimentos nos supermercados tem ‘salgado’ a comida dos consumidores. E nem estamos falando de temperos, mas sim dos alimentos básicos do dia a dia e que não podem faltar na mesa dos brasileiros. A pesquisa da cesta básica de Toledo aponta variação mensal no período entre fevereiro e março de 2022 de 8,27%. O dado foi o maior índice mensal calculado desde que a pesquisa teve início há um ano no município e mostra um aumento significativo no custo da cesta básica do último mês analisado. Em relação ao índice acumulado de variação nos últimos dozes meses, ocorreu um aumento acumulado significativo de 22,45%.

A pesquisa da cesta básica é realizada pelo Núcleo de Desenvolvimento Regional, composto pelo curso de Ciências Econômicas e pelos programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio e de Pós-Graduação em Economia, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo. O levantamento também faz parte de um convênio entre a Unioeste e a Prefeitura de Toledo e completou um ano neste mês. De acordo com a coordenadora da pesquisa, professora e doutora Crislaine Colla ela se consolida como uma importante ferramenta para o conhecimento da sociedade e para identificar as variações no poder de compra do consumidor, que vem se deteriorando de forma expressiva nesse último ano. “Percebe-se que Toledo, em geral, segue as tendências nacionais que foram de aumentos e variações oscilantes no custo da cesta básica. E é importante ressaltar que, apesar de terem ocorrido alguns momentos de reduções no custo da cesta básica nos últimos 12 meses, o aumento acumulado se mostra significativo, pois a cesta básica de Toledo aumentou 22,45%. Tal índice se localiza bem acima do índice de inflação para os últimos 12 meses, que foi de 11,30%”.

A professora esclarece que essas variações retratam uma perda do poder de compra do consumidor, que também é verificada quando se é observada a evolução do grupo de alimentação e bebidas para a variação da inflação (IPCA). “O crescimento da inflação no grupo de alimentos e os aumentos sucessivos nos custo da cesta básica tendem a ter efeitos negativos mais significativos para a população de renda mais baixa, pois essa utiliza parte substancial de sua renda para a compra de alimentos e são mais sensíveis às variações”.

CRESCIMENTO – O índice de aumento de 22,45% em um ano é considerado alto e longe das expectativas conforme explica a professora e doutora Crislaine Colla. “A variação do último mês (8,27%) teve um impacto significativo sobre o índice anual. O índice de variação da cesta básica de Toledo é quase o dobro da inflação dos últimos 12 meses, que foi de 11,30%, ou seja, esperava-se um aumento do custo da cesta básica para o mês de março, mas não da forma como ocorreu”.

Ela explica que alguns produtos apresentaram uma maior variação em um ano de pesquisa, que foram: o tomate, que acumulou um aumento de 146,64%; o café, que aumentou 97,75%; a batata, com 80,30% de aumento; o açúcar, com incremento de 53,51%; e a margarina, com um aumento de 46,21%. “Verifica-se que dois produtos apresentaram uma variação acumulada negativa, ou seja, compreende-se que houve redução no preço médio desses produtos nos últimos 12 meses, que seriam: o arroz, que reduziu -14,66% desde abril; e o feijão, que teve seu preço reduzido em -3,72. Dentre as razões para o aumento destes produtos, podemos citar fatores climáticos e sazonais, como também fatores macroeconômicos e externos”, complementa.

Apesar da variação mensal no custo da cesta básica de Toledo no período entre fevereiro e março de 2022 ter tido um aumento de 8,27%, as outras cidades e capitais analisadas na pesquisa também apresentaram índices bem altos de crescimento do custo da cesta básica. A coordenadora do levantamento cita que observa-se uma persistência das perdas do poder de compra do consumidor no último ano. “Diante destes resultados, a tendência e perspectiva é que tanto o custo da cesta básica quanto da inflação não apresentem redução significativa neste ano e que o poder de compra da população também continue a diminuir”.

PRODUTOS – De acordo com a pesquisa, o custo da cesta básica individual passou de R$ 552,58 em fevereiro de 2022 para R$ 598,27 em março de 2022. O custo da cesta básica familiar também apresentou um aumento de 8,27%, passando de R$ 1.657,75 em fevereiro de 2022 para R$ 1.794,82 em março de 2022.

Os produtos que apresentaram aumento no preço médio no período entre fevereiro e março de 2022 foram: o tomate (63,58%), o açúcar (13,49%), o óleo de soja (11,32%), o leite (8,97%), o pão francês (8,66%), a banana (6,79%), o café (5,94%), a margarina (3,78%), o feijão (3,76%), a batata (3,30%) e a farinha de trigo (1,58%). Por sua vez, apenas dois produtos apresentaram redução no preço médio no período, que foram: o arroz (-2,22%) e a carne (-1,94%).

Crislaine aponta que o tomate foi o produto que apresentou o aumento mais expressivo no período analisado, em decorrência da aproximação do final da safra de verão, fazendo com que sua oferta se reduzisse. Por sua vez, o aumento do preço do açúcar ocorreu, principalmente, por ser o período da entressafra da cana, que reduz a oferta e aumenta os preços no varejo.

“Analisa-se também que o aumento no preço do óleo de soja se deve ao alto preço do petróleo, que torna vantajosa a produção de biocombustíveis. Além disso, houve aumento na demanda externa por óleo de soja em razão da redução da produção de óleo de girassol, na Ucrânia, e de óleo de palma, na Indonésia. Já o leite apresentou aumento em função dos altos custos de produção, da diminuição nos estoques de derivados lácteos e da competição por matérias-primas entre as indústrias”.

E o pãozinho, presente todos os dias na mesa dos brasileiros, também sofreu variação. “O pão francês e a farinha de trigo apresentaram aumento em consequência da redução da oferta de trigo no mercado externo, uma vez que Rússia e Ucrânia, dois países que se encontram em guerra desde o final de fevereiro de 2022, estão entre os maiores produtores do grão”, explica a professora e doutora.

COMPARATIVO – No mês de março, o custo da cesta básica de Toledo foi maior que o de Recife, Belém e Pato Branco e mais barata que as demais cidades listadas na pesquisa. As cidades de Francisco Beltrão, Dois Vizinhos e Cascavel apresentaram um valor mais alto e também aumentos significativos de 7,45%, 11,34% e 14,37%, respectivamente. Dos municípios do Oeste e Sudoeste do Paraná, apenas Pato Branco possui uma cesta básica com custo menor que o da cesta de Toledo. Observou-se, também, que o custo da cesta básica de Cascavel (R$ 646,80) foi 8,11% maior que o custo da cesta de Toledo (R$ 598,27).

Da Redação

TOLEDO

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