Cesta básica de Toledo já aumentou 10,27% somente em 2022

O custo da cesta básica de Toledo reduziu nos meses anteriores, no entanto, apresentou um aumento acumulado nos últimos 12 meses de 7,64% e, somente em 2022, ele já aumentou 10,27%. Esses dados fazem parte da Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos para o município referente ao mês de outubro deste ano. Além disso, as variações mostram uma perda do poder de compra do consumidor.

A coordenadora da pesquisa Profª. Drª. Crislaine Colla explica que entre setembro e outubro de 2022 houve aumento de 5,51% no custo da cesta básica de Toledo, sendo a terceira maior variação dos últimos 12 meses e está acima da meta inflacionária para o período, que é de 3,5%.

Crislaine esclarece que existe uma estabilidade entre outubro e novembro do ano passado, seguida de redução entre novembro e dezembro de 2021; um aumento entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 e, novamente, uma pequena redução entre janeiro e fevereiro de 2022.

“Após certa estabilidade, os dados apresentaram um expressivo aumento. Entre fevereiro e março de 2022, o aumento foi de 8,27% e de 7,44% entre março e abril deste ano. Por sua vez, entre abril e junho de 2022 ocorreu queda no custo da cesta básica, a qual se eleva no mês de julho e volta a reduzir-se no mês de agosto e setembro, voltando a subir em outubro de 2022”, afirma a coordenadora da pesquisa.

VARIAÇÃO – De acordo com Crislaine, é possível analisar o quanto o custo da cesta básica variou no ano corrente, desde janeiro a outubro de 2022, que foi de 10,27%, caracterizando-se como um aumento expressivo para o período. “Quando a pesquisa foi iniciada no município, em abril de 2021, a cesta básica custava R$ 488,61 e em outubro de 2022 a cesta custava R$ 611,15, representando elevação superior a 25%”, recorda.

O custo da cesta básica familiar apresentou um aumento de 5,51%, passando de R$ 1.737,77 em setembro de 2022 para R$ 1.833,46 em outubro de 2022. “Um trabalhador que ganha um salário-mínimo não teria condições de adquirir a cesta básica familiar, uma vez que o valor de R$ 1.833,46 ultrapassa o valor do salário-mínimo vigente em 63,54%, não conseguindo arcar com as demais despesas domiciliares mensais”, salienta a coordenadora da pesquisa.

Outro indicador citado por Crislaine refere-se ao número de horas de trabalho necessárias para adquirir a cesta básica que, de setembro para outubro de 2022, passou de 105 horas e 9 minutos para 110 horas e 54 minutos. Isso corresponde a 47,79% e 50,43% do total de horas trabalhadas nos meses de setembro e outubro de 2022, respectivamente, para um trabalhador que recebe o salário mínimo como remuneração mensal, ou seja, ele precisa trabalhar mais da metade do mês para adquirir uma cesta básica individual.

ITENS – Dos 13 itens da cesta básica pesquisados, quatro produtos apresentaram aumento no preço médio, que foram: o tomate (65,57%); a batata (38,72%); a banana (15,49%) e; o café (5,32%). Por sua vez, nove produtos apresentaram redução no preço médio no período: o feijão (-7,24%); o óleo de soja (-5,64%); o leite (-4,69%); o açúcar (-3,03%); a margarina (-2,99%); o pão francês (-2,35%); o arroz (-1,81%); a farinha de trigo (-1,48%); e a carne (-1,45%).

Crislaine ressalta que diante da variação total da cesta básica individual para outubro de 2022, os aumentos nos preços do tomate, da batata e da banana foram os que apresentaram o maior impacto sobre o aumento do índice.

Ela menciona que o preço do tomate apresentou redução cinco meses seguidos e em outubro viu sua oferta reduzir por causa da diminuição da colheita da safra de inverno. A batata também apresentou aumento no seu preço (38,72%), que decorre do fim da safra de inverno e por conta das chuvas, o que diminuiu sua oferta. A banana foi o produto com o terceiro maior aumento de 15,49% e o café na quarta posição, com um aumento de 5,32% (Dieese, 2022).

O feijão foi o produto que apresentou a maior queda de preço entre setembro e outubro (-7,24%). A coordenadora da pesquisa enfatiza que esta redução ocorreu devido às altas cotações anteriores do preço do feijão, o que resultou em redução da demanda e, por consequência, levando a uma redução de seu preço.

A pesquisa ainda destaca a redução do preço do óleo de soja (-5,64%), que pode ser explicado pela baixa demanda, tanto interna quanto externa do produto. Segundo Crislaine, o leite apresentou mais um período de queda no preço (-4,69%). “Essa redução é resultado de uma maior oferta do leite no campo e menor demanda, em razão dos altos preços praticados do produto (Dieese, 2022)”.

Por sua vez, os produtos que apresentaram maior aumento de preços nos últimos 12 meses foram: a banana, que acumulou aumento de 59,05%; o pão francês, com 34,64% de aumento; a farinha de trigo, que aumentou 30,97%; o leite, com incremento de 29,65%; e a batata, com aumento acumulado de 27,57%.

DESPESAS – Diante do custo da cesta básica, Crislaine relata que o valor do salário-mínimo necessário para adquiri-la e suprir as despesas domiciliares mensais referentes à habitação, ao vestuário, ao transporte, entre outras, em outubro deveria ser de R$ 5.134,30. Ao comparar o salário-mínimo necessário de Toledo e a média nacional para o mês de outubro, observa-se que o valor nacional seria 25,80% maior que o de Toledo.

“Deve-se levar em consideração que o salário-mínimo necessário de Toledo corresponde a 4,67 vezes o piso nacional vigente, que é de R$ 1.212,00. No mês de outubro, o custo da cesta básica de Toledo foi maior que o de Recife, Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos sendo, portanto, mais barata que as cestas das demais cidades”.

O custo da cesta básica de Cascavel (R$ 632,24) foi 3,45% maior que o custo da cesta de Toledo (R$ 611,15). Das cidades analisadas, somente Recife e Belém apresentaram redução no custo da cesta básica. Além disso, ao comparar o custo da cesta básica de Toledo com o de Porto Alegre, que apresentou a cesta básica com maior custo em outubro (R$ 768,82), verifica-se que a cesta de Porto Alegre tem um custo 25,80% maior que a de Toledo.

Conforme a coordenadora da pesquisa, assim como na cesta básica individual, houve aumento de 5,51% no custo da cesta básica familiar, passando de R$ 1.737,77 em setembro para R$ 1.833,46 em outubro de 2022. “Nesse sentido, um trabalhador que receba um salário mínimo ainda não teria condições de adquirir a cesta básica familiar, uma vez que o valor de R$ 1.833,46 ultrapassa o valor da remuneração em 63,54%, não conseguindo, dessa forma, arcar com as demais despesas domiciliares mensais”.

Crislaine menciona que sobre o valor do salário-mínimo necessário para adquirir a cesta básica e suprir as despesas domiciliares mensais com habitação, vestuário, transporte, entre outros, é importante destacar que, em Toledo, este precisaria ser de R$ 4.866,35 em setembro e R$ 5.134,30 em outubro.

Com relação as capitais analisadas na pesquisa do Dieese, 12 delas apresentaram aumento no custo da cesta básica em outubro de 2022 e Toledo acompanhou essa tendência. “As cidades que apresentaram o maior aumento no período foram: Toledo (5,51%), Porto Alegre (3,34%), Campo Grande (3,17%), Dois Vizinhos (3,05%), Pato Branco (2,88%), Curitiba (2,59%), Francisco Beltrão (2,27%), Cascavel (1,56%), São Paulo (1,53%) e Florianópolis (0,97%). Por sua vez, as cidades selecionadas que apresentaram redução no custo da cesta básica em outubro foram: Recife (-3,73%) e Belém (-1,16%)”, finaliza a coordenadora da pesquisa.

Toledo segue tendências nacionais de variações, aponta pesquisa

A pesquisa da cesta básica de alimentos de Toledo ocorre há 19 meses e se consolida como uma importante ferramenta para que a sociedade possa acompanhar de modo mais objetivo o comportamento dos preços analisados pela pesquisa.

De acordo com a coordenadora da pesquisa Profª. Drª. Crislaine Colla, além de contribuir para a identificação das variações no poder de compra do consumidor, Toledo, de modo geral, segue as tendências nacionais de aumentos, reduções e variações oscilantes no custo da cesta básica.

A coordenadora da pesquisa explica que as variações no último período retratam uma perda do poder de compra do consumidor, que também é verificada quando se observa a evolução do grupo de alimentação e bebidas para a variação da inflação (IPCA), além de analisar o aumento dos gastos com esse segmento.

“O crescimento da inflação no grupo de alimentos tende a ter efeitos negativos mais significativos para a população de renda mais baixa, que constitui a maior parcela da população, pois essa utiliza parte substancial de sua renda para a compra de alimentos e são mais sensíveis às variações verificadas”, menciona Crislaine.

PARA COMPREENDER – O cálculo da inflação no Brasil é feito a partir da variação nos preços de produtos e serviços que fazem parte de nove grupos: alimentação e bebidas; habitação; artigos de residência; vestuário; transportes; saúde e cuidados pessoais; despesas pessoais; educação e; comunicação. Por meio desse cálculo, obtém-se o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Crislaine enfatiza que o IPCA de outubro de 2022 apresentou aumento de 0,59% e colocou fim a uma sequência de três meses em que o indicador apresentou deflação. O IPCA acumula alta de 6,47% nos últimos 12 meses, abaixo dos 7,17% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Além disso, o IPCA acumula uma alta de 4,70% para o ano de 2022 e tem se mantido acima do teto definido para o Brasil pelo Banco Central (IBGE, 2022). No mês passado, os grupos que apresentaram maior variação positiva para o cálculo da inflação foram o de vestuário (1,22%), saúde e cuidados pessoais (1,16%) e de alimentação e bebidas (0,72%). Já o grupo de transportes, que apresentou redução de -1,98% no mês de setembro, também volta a aumentar no mês de outubro, com uma variação positiva de 0,58%.

O maior impacto para o aumento do IPCA de outubro foi proveniente do aumento do grupo de alimentação e bebidas, seguido pelo grupo de saúde e cuidados especiais e pelo grupo de transportes.

OBJETIVOS

O Núcleo de Desenvolvimento Regional, composto pelo curso de Ciências Econômicas e pelos programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Agronegócio (PGDRA) e de Pós-Graduação em Economia (PGE), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo, realiza a pesquisa da cesta básica de alimentos, em Toledo, para o mês de outubro de 2022. A pesquisa também faz parte de um convênio entre a Unioeste e a Prefeitura de Toledo. O estudo visa mostrar o preço médio; a variação nos preços dos bens da cesta básica de alimentos e o impacto de cada produto sobre a variação total no custo da cesta; o valor total e a variação no custo da cesta básica de alimentos individual e familiar; o poder de compra do trabalhador pelo tempo de trabalho necessário para comprar a cesta básica; o percentual do salário mínimo que é destinado à compra dos produtos; e o salário mínimo necessário para adquirir a cesta básica e para suprir as despesas de habitação, vestuário, transportes, entre outras. Também, é possível comparar as informações obtidas com as de outros municípios e capitais brasileiras que utilizam como base a metodologia de cálculo do Dieese (2016).

Da Redação

TOLEDO

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