Cigarrinha e enfezamentos do milho desafiam produtores e autoridades

Com o milho safrinha plantado na lavoura, produtores e autoridades estão preocupados com os efeitos do enfezamento do milho e em estabelecer estratégias ao manejo e controle da cigarrinha, responsável por transmitir essa grave doença.

O Paraná tem registrado o aumento de lavouras infestadas pela cigarrinha-do-milho, que pode leva à redução significativa da produção. Em algumas ocasiões, o prejuízo chegou a 70%, com casos em que o milharal todo foi erradicado. A incidência da praga no Brasil cresceu 177% no milho safrinha 2022 em relação à 2021, que, por sua vez, já havia apresentado crescimento de 161% em relação ao ano anterior.

Neste ano, na Regional de Toledo como no Estado, as chuvas registradas acarretaram o atraso da semeadura do milho segunda safra, causando dificuldades nas operações de aplicação de defensivos, aumentando a pressão de doenças devido ao excesso hídrico e por insetos, em especial a cigarrinha-do-milho.

De acordo com o técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) Eduardo Vinicius Staffen Wammes, o enfezamento do milho registrado na safrinha passada foi o ápice do problema na região Oeste. “Perdas significativas nas lavouras foram registradas pelos produtores no milho safrinha anterior”.

Diante do cenário instaurado no ano passado nas lavouras, diversos Conselhos de Sanidade Agropecuária realizaram campanhas de conscientização aos produtores e promoveram eventos para disseminar a informação de como o agricultor poderia combater a cigarrinha.

ATUALIDADE – Wammes pondera que os produtores não observaram pressão da praga na lavoura no verão. “O agricultor conseguiu fazer o manejo adequado”. As chuvas prejudicaram a safra de soja e também influenciaram no milho safrinha, pois atrasou o plantio do grão. “Existia a expectativa de colher a soja mais cedo e isso não aconteceu. Quando o milho entra na lavoura não existe uma pressão da praga”.

O produtor que conseguiu plantar mais cedo não observou essa pressão da cigarrinha. “No entanto, nos últimos dias, o que se observa no campo é o aumento da população da cigarrinha”, menciona o técnico.

Diante do cenário, os técnicos estão alertando os produtores, principalmente, os que realizaram o plantio neste mês. “A atenção deve ser maior. Uma estratégia é promover uma ação mais localizada em cada município ou em cada lavoura”, destaca Wammes.

Ele acrescenta que neste momento existe uma flutuação populacional da cigarrinha do milho. “A principal orientação ao produtor é não deixar de monitorar a sua lavoura. Entretanto, acreditamos que o agricultor está mais preparado para essa safra”.

Alguns produtores utilizaram cultivares com maior tolerância a cigarrinha. De acordo com o técnico, foi dada uma atenção maior no monitoramento e no manejo da lavoura. “Essas atitudes podem contribuir para um sucesso da safra. De maneira geral, o período inicial do milho safrinha está melhor neste período em relação ao anterior”, relata Wammes.

O técnico enfatiza que uma safra nunca será semelhante a outra. “A convivência com o problema do enfezamento no milho não tem volta. O produtor deve se habituar e buscar capacitação. Estar de ‘olho’ na lavoura, porque o prejuízo pode ser significativo nesta cultura”.

PROJETO-PILOTO – O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) realiza um projeto-piloto de monitoramento da população de cigarrinhas em diversos pontos no município de Marechal Cândido Rondon. Ao todo são 68 armadilhas distribuídas pela cidade.

O técnico do Instituto, Anderson Heling, explica que além da população também são avaliadas a infectividade quanto ao enfezamento pálido, enfezamento vermelho e vírus do raiado fino do milho. “As armadilhas são trocadas semanalmente e os resultados são repassados aos produtores rurais na forma de boletins semanais”.

Heling esclarece que atualmente a população está aumentando bastante, visto que há grande disponibilidade de alimento para a cigarrinha, que é o milho. “Algumas lavouras, consideradas mais ‘velhas’, já passaram da fase crítica para doença, mas as cigarrinhas que estavam nessas lavouras tendem a migrarem para as lavouras de milho mais novas. “Com isso, os boletins semanas podem colaborar com os produtores”.

Da Redação

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