Clima afeta a produção de hortaliças em Toledo

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A estiagem das últimas semanas tem preocupados os produtores de hortaliças da região de Toledo. As faltas de chuva compromete os trabalhos e reflete na qualidade das plantas, principalmente as folhosas, como alface, rúcula, couve, almeirão, entre outras. Com a seca, alguns produtores deixaram de ofertar esses alimentos nas feiras da cidade porque a produção não foi suficiente.

O clima quente e seco reduziu os reservatórios de água nas propriedades. Quem possui sistema de irrigação consegue manter a produção das hortaliças mesmo com a estiagem. Mas essa não é a realidade de todos os produtores da região.

O presidente da Associação dos Feirantes de Toledo (Afertol), Nedio Perondi, comenta que os produtores com reservatórios mais fracos tiveram muita dificuldade para continuar com a atividade. “As águas baixaram muito. Tem um produtor que parou de ‘fazer feira’ porque ele estava sem produtos. Não conseguiu produzir com a seca. Ele iria esperar a condição melhorar”.

DESAFIOS

Além da seca, os produtores de hortaliças têm enfrentado outro desafio nesta época. “Com a estiagem, tem aparecido muitas pragas, como a mosca branca, os percevejos e o pulgão que atrapalham bastante a produção, comprometendo a qualidade dos alimentos”, explica.

Perondi cita que o controle dessas pragas é bem complicado e muitos produtores estão adotando métodos tradicionais e naturais como um preparado de folhas de mamona para espantar as moscas brancas. “É trabalhoso, mas é um método que não prejudica a qualidade do alimento, porque não é veneno e tem dado certo”.

Com tantos desafios, o produtor ainda consegue manter o preço dos alimentos nas bancas das feiras da cidade. O presidente da Afertol lembra que os produtores são livre para ofertar os seus produtos, mas nas feiras o consumidor encontra um diferencial que são alimentos mais frescos e direto do produtor. “Existe uma variação de preços, mas mesmo com essa período difícil de seca o valor das hortaliças está razoável. E o consumidor comprando alimentos na feira está ajudando os produtores da nossa região”, complementa.

PRODUÇÃO

Mas o clima seco e frio do inverno também é adequado para produção de outros alimentos como o brócolis e a couve-flor. Cenoura e chuchu são legumes que também aguentam as temperaturas mais baixas, bem como outros alimentos que nascem debaixo da terra como rabanete, nabo, batata que estão em maior abundância.

Contudo, apesar do clima favorecer esses alimentos, o frio extremo com formação de geada pode causar um descontrole na produção. “Se der uma geada nos próximos dias, com esse frio que está chegando na nossa região, pode haver prejuízos nas hortas. A geada ‘queima’ principalmente os alimentos folhosos. Essa é outra preocupação dos nossos produtores”.

O presidente da Afertol Nédio Perondi complementa que, atualmente, 70 produtores ofertam alimentos nas feiras da cidade. Cerca de 70% dessas famílias vivem, exclusivamente, da comercialização dos seus produtos. “O apoio da comunidade comprando alimentos nas feiras é fundamental para a continuidade do trabalho dessas famílias. Temos os clientes fiéis e cada vez mais também temos observado mais pessoas visitando as feiras da cidade”, conclui.

Produtores podem adotar medidas preventivas para resguardar a atividade

A olericultura possui uma área de 117,0 mil hectares e uma produção de 3,0 milhões de toneladas no Paraná. No Estado, a principal produtora é o Núcleo Regional de Curitiba, de acordo com o engenheiro agrônomo Paulo Andrade.

A Regional de Curitiba possui uma área cultivada com hortaliças de 47,8 mil hectares em 2022 e com uma produção de 1,1 milhão de toneladas. Desta maneira, o Núcleo representa representando 38,1% do volume colhido.

Segundo o engenheiro agrônomo Paulo Oliva, os números da Regional de Toledo e do município (sede) são considerados menores e comparação ao Paraná e até mesmo ao Valor Bruto de Produção (VBP) da cidade.

No Estado, são 46 espécies exploradas com participação expressiva em muitas delas, guardadas as devidas proporções de áreas e volumes de cada atividade, alguns exemplos selecionados são: 79% da couve-brócolis; 78% do agrião aquático; 74% da couve-flor; 72% do repolho; 71% da batata salsa; 66% do feijão vagem; 65% da couve; 63% da cebolinha (cheiro-verde); 53% da abobrinha verde; 48% da alface; 47% da cebola; 46% da berinjela, conforme o Boletim Semanal 26/2024 do Departamento de Economia Rural (Deral) da Divisão de Conjuntura Agropecuária, publicado na última quinta-feira (27).

CONDIÇÃO CLIMÁTICA

Contudo a atividade de olericultura sofre influência considerável do clima. Inclusive, as temperaturas devem cair nos próximos dias. De acordo com o Boletim Semanal 26/2024, “os organismos oficiais de meteorologia sinalizam para o Paraná um inverno sob a influência do fenômeno La Niña, com temperaturas acima da média para a estação, chuvas escassas e ondas de ar frio intensas e rápidas”.

O Boletim aponta que esta é considerada a segunda frente fria do ano que poderia impactar na produção dos produtos da horta se acompanhadas da ocorrência de geadas.

Além disso, o documento salienta que “as informações para o monitoramento do tempo estão mais eficientes e o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) disponibiliza informações sobre os quinze dias futuros, além de diariamente reportar a meteorologia no Estado”. O serviço Alerta Geada antecipa em 72, 48 e 24 horas a possibilidade do fenômeno.

MEDIDAS PREVENTIVAS

Com isso, o engenheiro agrônomo Andrade orienta que medidas de manejo preventivos devem ser adotadas para minimizar os impactos do frio intenso – tanto a céu aberto como em ambiente controlado (estufas) – em suas olerícolas e sementeiras.

“O produtor rural pode através de uso da irrigação, de coberturas físicas (plástico, tecido não tecido – TNT), bambus, cobertura vegetal, aquecimento, etc. resguardar a sua produção”, pontua Andrade.

Ele ainda complementa que “o compromisso da agricultura é prover as cidades com alimentos saudáveis em quantidade e qualidade, se possível contribuir para minimizar a pressão dos preços ao consumidor final, convivendo diuturnamente com a incerteza e o risco”.

Da Redação

TOLEDO

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