Brucelose bovina: uma doença que caminha para erradicação

A brucelose bovina é uma doença altamente contagiosa, causando abortos, infertilidade e diminuição na produção de leite, o que resulta em perdas econômicas significativas para os produtores. Nesta doença, os abortos acontecem principalmente no terço final da gestação, o que ajuda a diferenciar de outras doenças de cunho reprodutivo. Fêmeas não gestantes e machos, geralmente são assintomáticos, dificultando o diagnóstico.

A brucelose é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida dos animais para os humanos, principalmente através do consumo de produtos de origem animal contaminados ou pelo contato direto com animais infectados. Os sinais clínicos em seres humanos são inespecíficos e incluem febre, calafrios, fadiga, perda de peso, artrite, espondilite, dores abdominais, entre outros.

A vacinação dos rebanhos bovinos é uma medida crucial para reduzir a incidência da doença nos animais, diminuindo assim o risco de transmissão para os seres humanos e protegendo a saúde pública. No Brasil, as vacinas mais utilizadas para a prevenção da brucelose bovina são a B19 e a RB51. Ambas são aprovadas e recomendadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e desempenham papéis específicos no controle da doença.

A vacina B19 é a mais tradicional e amplamente utilizada no Brasil. Ela é composta por uma cepa viva atenuada de Brucella abortus e é aplicada em bezerras com idades entre 3 e 8 meses. A B19 oferece uma proteção duradoura contra a brucelose, mas pode interferir nos testes sorológicos utilizados para o diagnóstico da doença, pois os animais vacinados podem apresentar resultados positivos nos exames.

A vacina RB51, também composta por uma cepa viva atenuada de Brucella abortus, é uma alternativa à B19 e apresenta a vantagem de não interferir nos testes sorológicos de diagnóstico, permitindo diferenciar animais vacinados de animais infectados. A RB51 pode ser utilizada em fêmeas bovinas de diferentes idades e é especialmente indicada em programas de erradicação da brucelose.

No Brasil, a vacinação contra a brucelose é compulsória para bezerras de 3 a 8 meses de idade, utilizando a vacina B19 com exceção à Santa Catarina, único estado do Brasil onde não é obrigatório vacinar com B19, devido aos baixíssimos índices de brucelose bovina. A vacinação deve ser realizada por um médico veterinário ou sob sua supervisão, e é necessário emitir um certificado de vacinação, que deve ser apresentado durante as campanhas de vacinação oficial e em outras situações de fiscalização.

A vacinação é uma ferramenta fundamental nos programas de controle e erradicação da brucelose. Em muitos países, programas de vacinação em massa, combinados com outras medidas de controle, têm sido eficazes na erradicação da doença. A continuidade e a adesão a esses programas são essenciais para manter a doença sob controle e proteger os rebanhos a longo prazo. No momento, não há previsão de flexibilização das medidas no estado do Paraná, entretanto em breve, há grande probabilidade desse estado também retirar a vacinação compulsória com a B19, e vacinar somente unidades de foco com a vacina RB51 como o estado vizinho de Santa Catarina, o que acarretará menores custos na produção. 

Mônica Regina de Matos, professora do curso de Medicina Veterinária e do curso de extensão de Treinamento em Métodos de Diagnóstico e Controle da Brucelose e Tuberculose Animal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Câmpus Toledo.  

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.