Decisões tardias

A decisão do Governo Federal está no Diário Oficial da União desta quinta-feira (23) e estabelece que a partir de agora a ivermectina entrou na lista de substâncias controladas pelo Ministério da Saúde, ou seja, é necessário receita médica para a compra do medicamento que virou a ‘menina dos olhos’ no combate ao novo coronavírus (Covid-19), ao lado da hidroxicloroquina, que também está neste novo hall de medicamentos controlados.

A entrevista com o médico Toaro Takada, incentivando o uso como forma de prevenção à doença causou um ‘boom’ em Toledo na procura pelos comprimidos salvadores, tanto assim que dados da Farmácia Básica de Toledo mostram que, em média, eram distribuídos cerca de 200 comprimidos por mês do medicamento e, em junho deste ano, o número subiu para assustadores 2.500, esgotando o estoque da Prefeitura de Toledo que precisou fazer uma compra emergencial. O mesmo efeito foi percebido nas farmácias da rede particular, onde o medicamento não apenas sumiu, como também teve seu preço elevado muitas vezes.

Embora a ivermectina já precisasse de receita para ser comercializada, por ser um medicamento de tarja vermelha, essa mudança obriga às farmácias reter a primeira via da receita que não pode ter prazo de validade superior a 30 dias da data de emissão. Também agora só pode ser aviada uma única vez, sem aquisições posteriores. Na prática o que o Governo Federal fez foi tentar restringir o consumo exagerado de um medicamento que até pode contribuir para uma eventual prevenção à Covid-19, mas que ainda carece de mais testes, de dados científicos que comprovem a eficácia.

A pandemia tem provocado reações muito exageradas no Brasil e em Toledo não é diferente. Não que a ivermectina não possa ser consumida, mas isso deve ser feito de maneira segura, responsável, com o devido acompanhamento médico, algo que só aconteceu agora diante da especulação financeira e da escassez do medicamento no país inteiro, pois não fosse isso certamente nada de diferente daquilo que aí estava teria sido feito. São as famosas decisões tardias que no Brasil demoram ainda mais para acontecer e geralmente só acontecem diante de uma situação quase sempre incontrolável ou bem próximo disso.

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