Internet Segura em 2025: proteção contra o crime digital começa em casa, avança para as empresas e exige novas atitudes de todos nós

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Sou uma profissional de marketing, trabalho no setor de cybersecurity, tenho uma filha de 2 anos e logo serei mãe de novo. Meus filhos vão crescer num mundo em que a vida digital ou virtual será indissociada da vida real. O fato de eu fazer parte de um time que trabalha incessantemente para proteger os Apps que fazem o mundo girar – estou falando de grandes plataformas de e-Commerce, Internet Banking, e-Government etc. – me dá esperança de que a Lisa e seu irmão ou irmã poderão viver digitalmente de modo protegido, com riscos sob controle. Para isso, é essencial nos conscientizarmos da importância de trabalharmos juntos por uma Internet segura.

Crianças, adolescentes e idosos – Infelizmente, a Internet, tão útil para todos nós, tornou-se um espaço vulnerável a golpistas, fraudadores, pessoas que fazem bully, gangues envolvidas em tráfico de vulneráveis e pedófilos, entre vários tipos de criminosos. Crianças, adolescentes e pessoas idosas são alvos primordiais. Os criminosos realizam o roubo da identidade e dos dados da pessoa, e atuam para objetificar a vítima para fins sexuais, de dominação ou de humilhação ou extrair dinheiro de pessoas ou empresas vulneráveis às armadilhas da Internet.

O uso da Inteligência Artificial na criação de ataques é um fato que, com a contínua expansão deste modelo, tornará cada vez mais difícil discernir quem é confiável e quem usa a Internet para transformar o outro num objeto de ganho ou de consumo.

Em 2025, o foco é na ação coletiva para sustentar uma experiência digital que suporte a vida e não gere perdas dramáticas para pessoas, empresas e países.

Nessa jornada, é fundamental conhecer algumas estratégias dos criminosos cybernéticos:

Passar-se por uma autoridade ou uma voz ‘confiável’ – A mensagem falsa recebida no WhatsApp, no Instagram, por e-mail afirma ser de uma fonte oficial. Pode parecer algo enviado pelo banco, médico, fornecedor de energia ou órgão do governo. Os criminosos criam uma interface com logos e “look and feel” que convence o usuário que está recebendo uma mensagem lícita, de alguma pessoa ou entidade importante. A meta é causar ansiedade e provocar respostas impulsivas da parte da vítima.

Falsa urgência – Começa a pressão para a vítima responder rapidamente ao criminoso. A mensagem pode trazer ameaças de penalidades, multas ou pedidos de socorro desesperados.

Emoção – Os criminosos se passam por alguém importante para a vítima, usando uma linguagem pessoal e compartilhando estórias que mobilizam o alvo da gangue.

Oportunidade imperdível – Neste caso, a vítima recebe a proposta de ter acesso a um ingresso para um show, uma oportunidade de negócios, uma viagem, um emprego, um curso diferenciado. A pressão para a resposta rápida, para ser bem-sucedida, tem de envolver a vítima de forma a pessoa fazer tudo o que for necessário para ganhar essa vantagem ilusória.

Notícias atuais – Guerras, enchentes, incêndios, desastres que comovem a população são rapidamente exploradas pelos criminosos digitais. Novamente há um apelo emocional que faz a vítima entregar dinheiro ou informações para um bem maior.

Relacionamentos falsos – Surge alguém, nos canais digitais da vítima, passando-se por amigo. A forte presença dos brasileiros nas redes digitais entrega para as gangues criminosas detalhes como nomes, localidades, idades e preferências das vítimas. Isso facilita que os criminosos conquistem a confiança da vítima. É muito comum esse tipo de estratégia em Apps de relacionamentos amorosos – as informações da vítima servem para se criar o perfil do namorado ou namorada sob medida para as fantasias da pessoa, levando-a a marcar encontros com os criminosos.

Pais, professores, amigos e cuidadores em geral podem, no entanto, atuar de forma preventiva para evitar que as pessoas caiam nessas armadilhas.

Vida digital em família – Passar algum tempo on-line com os filhos para entender como estão usando a tecnologia, conversando sobre as partes boas e ruins de se estar on-line. Falar sobre suas próprias experiências digitais (compartilhar histórias). Manter-se aberto, de forma que os filhos sintam-se confiantes em conversar sobre suas experiências online.

Aplicar todas as medidas de segurança online – A Internet pode ser uma ferramenta utilizada pelos criminosos para atingir as suas vítimas, mas alguns passos pode ajudar a manter o usuário seguro. Usar senhas fortes e não repetidas para contas online e multifator de verificação  (em que a senha se soma a tokens e reconhecimento fácil, por exemplo) sempre que estiver disponível. Implementar controles parentais para limitar o acesso das crianças a conteúdos nocivos.

Sensibilidade para o que é real e o que é uma armadilha – Tudo o que parece bom demais para ser verdade talvez não seja verdade. Outros sinais comuns de fraude incluem contato inesperado ou solicitação de dinheiro ou informações pessoais como dados bancários, de contato, senhas ou números de telefone. Uma forma de se defender é parar de interagir com a pessoa que enviou a mensagem, procurando checar no Web site oficial, por exemplo, de um órgão do governo, se a informação que está sendo recebida online é verdadeira.

Aceitar que todos podem ser vítima de um golpe cibernético – Os golpistas são bons no que fazem e usam as tecnologias mais avançadas e abordagens multidisciplinares como psicologia e estratégias de vendas para dominar suas vítimas. Adultos também podem cair nessas armadilhas. Uma forma de aumentar a resiliência de todos contra os golpes digiais é falar abertamente das perdas sofridas e o que foi aprendido com isso. Não há porque sentir vergonha de ter caído num golpe – a culpa é do criminoso, não da vítima.

Buscar ajuda – Cidadãos de todas as faixas etárias, sociais e educacionais são alvo de criminosos. É importante contar com uma rede de apoio tanto emocional como tecnológica na hora em que se é alvo de um crime digital.

Esse é um dos principais pontos do tema do Dia da Internet Segura 2025. Quando quem sofre o golpe se cala, passa-se a impressão de que a Internet é mais segura do que é de fato. Quando pessoas de diferentes perfis compartilham estratégias de defesa e histórias de superação depois de serem alvo de um crime, isso cria um solo fértil para que novas atitudes sejam efetivamente interiorizadas.

O papel das organizações na construção de uma Internet Segura – Mas, no dia da Internet Segura, é importante também que as organizações que provém serviços digitais a usuários e consumidores atuem de forma preditiva para evitar que suas páginas B2C ou B2B sejam usadas para a invasão da vida digital de seus clientes e correntistas.

Uma forma de atingir essa meta é utilizar uma estratégia em que, por meio de recursos de Inteligência Artificial e Machine Learning – ferramentas que automatizam a identificação e bloqueio de ameaças digitais – proteja 24×7 o App contra ataques. Isso é feito independentemente de onde o App está rodando, seja no data center da empresa, seja na nuvem. Análises comportamentais muito sofisticadas conseguem determinar, por exemplo, se um acesso está sendo feito por um Bot criminoso, por um Bot lícito – como os agentes do Google – ou por uma pessoa com as credenciais corretas.

Fica claro que a luta por uma Internet Segura começa dentro de casa, avança por empresas de todos os portes e atinge também as várias instâncias de governo. Trata-se de uma jornada coletiva em que as melhores práticas de proteção de identidades e de dados se façam presentes em cada detalhe da vida digital. Isso vale para crianças, para adolescentes, para idosos e para todos nós.

*Graziella Oening é Field Marketing Manager da F5 Brasil.

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