Os verdadeiros devastadores das florestas do País e do mundo
Demorou bastante, mas o País e o mundo finalmente começaram a debater com mais seriedade, profundidade e fundamentação, as verdadeiras causas e os grandes responsáveis pela devastação florestal e degradação dos recursos naturais, inclusive na Amazônia Brasileira.
Entre os avanços desse debate mais equilibrado está o reconhecimento da enorme contribuição do verdadeiro agricultor para a preservação ambiental, pois exercendo atividade econômica a céu aberto é o primeiro e o que mais perde, com qualquer adversidade climática.
Consciente disso, o produtor rural assume ser o maior interessado na preservação de recursos naturais, como mananciais de água, destinando parte de suas propriedades rurais para a manutenção de matas ciliares e áreas indispensáveis à sustentação da flora e fauna nativas.
Conforme especialistas, não há mais dúvidas que são a grilagem, a especulação e o comércio ilegal de madeira, os legítimos responsáveis pelo desmatamento ilegal, ao ponto de serem considerados inimigos do meio ambiente, da natureza e da vida.
Pesquisadores discordam, inclusive, da versão de determinados agentes públicos, que apontam a pobreza e/ou a miséria como os piores ou maiores inimigos do meio ambiente.
Especialistas argumentam que jamais são pequenos produtores rurais que desmatam grandes reservas florestais, pois está comprovado que os problemas mais evidentes, como a derrubada e queimadas de matas nativas, são provocados por latifundiários e grileiros.
Na prática, os males causados à floresta amazônica ou às matas do Sudeste Asiático, são de grandes empresas especuladoras, interessadas na posse e comercialização de novas áreas rurais, para o desenvolvimento do agronegócio, pecuária e agroindústria, por parte de autênticos agricultores, que na maioria dos casos desconhecem a forma da disponibilização dessas regiões antes desabitadas.
Dentro das finalidades e compromissos da bioindustrialização, os verdadeiros agricultores desenvolvem essas regiões, ampliando a oferta de alimentos e matérias-primas com qualidade, sanidade e diversidade e reduzindo a pobreza, pois a economia local é desenvolvida com exploração correta dos recursos da biodiversidade, sem provocar danos à natureza.
Segundo especialistas, o desmatamento ilegal está sempre relacionado aos grandes exploradores de latifúndios, apontados como responsáveis por 90% das devastações de matas da Amazônia e jamais às pequenas propriedades rurais. O desmatamento não poderia jamais ser provocado por pequenos proprietários de terra, mas sim pelas chamadas “máfias da grilagem”, até porque para derrubar as árvores são necessárias máquinas, como trator de médio porte, que custa cerca de 500 mil reais a unidade.
Os verdadeiros agricultores sabem mais do que ninguém que não podem destruir o meio ambiente, pois pagariam caro por isso, sofrendo os efeitos de eventos extremos relacionados às mudanças climáticas, perdendo os investimentos feitos em suas lavouras, criações e estrutura das propriedades rurais.
Dessa forma, um dos principais vetores do desmatamento na Amazônia é a grilagem de terras, que gera ou alimenta a especulação imobiliária, pois para ocupar grandes áreas sempre são necessários enormes investimentos. Já as derrubadas em propriedades familiares têm baixo impacto ambiental e se destinam à sobrevivência de pequenos produtores.
*O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado. E-mail: dilceu.joao@uol.com.br