Voltar ou não voltar…
Um dos maiores dilemas das administrações públicas neste momento no Brasil envolve um eventual retorno das aulas presenciais nos próximos dias. Esta semana, por exemplo, o Sindicato das Escolas Particulares ingressou com uma ação na Justiça de Londrina querendo o retorno. A Justiça negou e a Prefeitura da cidade do norte já avisou que nem em setembro pretende retornar com as aulas presenciais. O secretário de Saúde do Estado do Paraná, Beto Pretto, em entrevista também esta semana comentou que, diante da curva ainda em alta de casos do Covid-19 no estado, é inimaginável pensar em retornar com as aulas presenciais. Pelo menos nos próximos dias.
Em Toledo a Secretaria Municipal de Educação deverá enviar nos próximos dias um questionário às famílias com o objetivo de pesquisar qual a posição sobre o assunto. Não se trata de uma decisão de retornar ou quando retornar, mas sim apenas de, digamos, sentir a febre. É evidente que há aqueles que gostariam de um retorno imediato, assim como também quem não se sente seguro de enviar seus filhos à escola em meio a uma pandemia que insiste em não retroceder, bem como profissionais que igualmente não se sentem confortáveis em se expor ao risco.
O assunto é delicado e ainda mais perigoso porque envolve vidas humanas.
Fato é que neste momento o retorno às aulas presenciais, ao menos dos estudantes de idades mais baixas, é temerário e o melhor seria levar adiante, melhorar os atuais métodos de aulas remotas e, quem sabe, estabelecer tão logo a pandemia retroceda, uma espécie de reforço escolar, alterando o calendário de 2021 a fim de prever este novo momento que se exige.
Fato é ainda que essa doença mudou por completo não apenas a rotina nas escolas, mas a própria forma como o ensino tem sido aplicado no Brasil. É inegável que o sistema brasileiro está ultrapassado e nivela por baixo as escolas. Quem pensa fora da caixa é imediatamente tolhido nestas novas ações, retornando à mesmice na qual se transformou o ensino. É preciso aproveitar este novo momento para se refletir sobre tudo, desde o conteúdo aplicado em sala, passando até mesmo pela forma como isso é feito e, claro, chegando às avaliações que hoje priorizam muito mais o ‘decoreba’ ao invés do verdadeiro aprendizado.
Voltar ou não voltar é uma decisão que compete ao poder público, entretanto, cabe à sociedade exigir um ensino melhor, não necessariamente apenas pagando mais a quem nem sempre ensina como se deve.