A arma de Dudu

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A prisão – com soltura algumas horas depois – do presidente da Câmara de Toledo por porte ilegal de arma na última sexta-feira demonstra o quanto os agentes públicos brasileiros, em geral, destoam do mundo que os cerca. Não pelo fato dele atirar ou ter uma arma, afinal, vive-se num país democrático e é ótimo quando o cidadão tem a liberdade em decidir se tem ou não uma arma, se vota neste ou naquele, se anda por este ou aquele caminho. O que irrita neste caso é o deboche, o escárnio com a sociedade com a postagem de uma foto de Dudu Barbosa ao lado do vice-prefeito Ademar Dorfschmidt imitando uma arma ao lado de outros servidores públicos num bar da cidade.

Um agente público deveria seguir aquilo que a legislação exige, regulamenta. Quando isso não acontece deve ser punido. Mas a arma de Dudu é a ironia, a ameaça, o discurso debochado. Aliás, esta não é a primeira vez que isso acontece. O hoje presidente em outras oportunidades se comportou como qualquer coisa, menos com a grandeza que o cargo de vereador exige. A arma de Dudu não é aquela usada para dar uns tiros num local inadequado. Sua principal arma é o respaldo com os colegas que fecham os olhos e mudam de assunto numa verborragia vazia e demagógica.

Outro ponto é ouvir alguns vereadores defenderem o indefensável ou sequer tocar no assunto que mais chamou a atenção no fim de semana, como fosse a Câmara Municipal um universo paralelo, isento das ações externas. Nesta ‘Câmaraverso’ chega a ser risível o baixo nível dos debates e a defesa exacerbada de uma gestão que uma vez mais protege um secretário municipal envolvido numa irregularidade. E em horário de expediente!

O caso da última sexta-feira é gravíssimo e quem não enxerga isso não percebe que essa postura imatura segue contribuindo de maneira contundente para a imagem do Legislativo municipal ir apenas ladeira abaixo. O cargo de vereador não pode ser usada como um arma, pois ele é um escudo que deveria proteger a sociedade que escolheu quem lá está. Infelizmente, pelo visto, outro caso grave será tratado com desdém pela maioria dos vereadores, assim como tem acontecido com frequência nesta Legislatura, reflexo da própria sociedade que não se indigna mais com atitudes como esta porque poucos ainda têm coragem e estômago para acompanhar o deboche.

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