A cultura do machismo

No primeiro semestre de 2022, 699 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, média de quatro mulheres por dia, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública obtidos com exclusividade pelo g1, GloboNews e TV Globo. O número é o maior já registrado em um semestre e ocorre no momento em que o país teve o menor valor destinado às políticas de enfrentamento à violência contra a mulher.

Como se não bastasse, os registros de estupro e estupro de vulnerável de vítimas do sexo feminino cresceram 12,5% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2021. É o que também apontam os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o levantamento, entre janeiro e junho deste ano, 29.285 meninas ou mulheres foram vítimas de estupro no país. Isso representa uma média de um caso a cada 9 minutos.

Números não passam de números se analisados de maneira fria e, quando escritos em preto & branco, parecem ficar ainda mais insensíveis. Mas os números aí estão e são estarrecedores, afinal, indica a manutenção de uma cultura do machismo que parece não ter fim. Por mais que se tente criar um ambiente de maior esclarecimento quanto ao tema, ainda assim prevalece a lei do macho alfa, que precisa provar sua masculinidade de qualquer maneira.

O aumento nos dados de feminicídio pode ter relação com a pandemia, embora isso não deveria servir de desculpa para tantos casos de violência. A convivência mais próxima deveria, em teoria, melhorar as relações, porém, na prática parece não ter acontecido dessa forma. Em Toledo, por exemplo, o número de crianças dentro das casas abrigo aumentou consideravelmente e isso também tem relação com o aumento da violência contra as mulheres.

O que fazer então? Como mudar esse conceito de que a mulher é um objeto e merece ser tratada dessa forma? Como incutir na cabeça de homens e mulheres existirem diferenças que precisam ser respeitadas?

São questionamentos difíceis de serem solucionados enquanto as discussões se concentrarem no problema em si e não na busca de soluções que demandam tempo e investimento na melhoria da cidadania, advindo daí a mudança de comportamento social que, no caso brasileiro, vai demorar muito mais diante da cultura permissiva criada ao longo dos séculos.

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