A ganância e a ignorância

O Brasil inteiro se sensibilizou durante o feriado de Carnaval com as chuvas históricas que assolaram várias cidades do Litoral de São Paulo, onde mais de 40 pessoas morreram e outras milhares estão desabrigadas, isso sem mencionar o rastro de destruição deixado pela água muito acima do normal. Em um dia choveu mais de 600mm em várias cidades. Não há estrutura urbana que comporte tamanho volume de chuva. Criticar a falta de planejamento urbano num momento como esse, e perdoem o trocadilho, é chover no molhado. Não é de hoje que enchentes acontecem, que tragédias como essa são relatadas nos morros cada vez mais ocupados sem nada ser feito. E assim será por muito tempo ainda se não houver investimento sério e uma mudança de cultura radical não apenas na forma de pensar, mas de administrar.

Há cerca de um ano foi a vez de Petrópolis, no Rio de Janeiro. E exemplos não faltariam para ilustrar a incompetência e a incapacidade do setor público em resolver, não somente o problema de moradia popular, mas da falta de oportunidades e da necessidade de mudar o pensamento da própria sociedade em relação a si própria. Mas para isso seria necessário acabar com as benesses distribuídas de maneira farta à turba ignara que segue sendo dominada sem o menor esforço.

Entretanto, o que mais revolta é a ganância e a ignorância do ser humano num momento de tanto sofrimento. Jornalistas foram agredidos ao tentar fazer a cobertura dos acontecimentos num dos vários condomínios de luxo destruídos pelo temporal e os preços de itens básicos, como água por exemplo, dispararam. Um litro de água está sendo vendido a R$ 93,00. Não, não se trata de um erro ortográfico ou de digitação. Isso mesmo! Há pessoas cobrando R$ 93,00 para vender um litro de água a quem está há dias sobrevivendo sem luz, sem água…muitas vezes sem ter sequer para onde voltar depois que tudo isso terminar.

A que ponto chegou o ser humano. Nem mesmo diante de tanto sofrimento exista quem mude, quem não se sensibilize frente à dor inimaginável de milhares de pessoas. É o que se chama de empatia, em se colocar no lugar do outro. É tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar o que sente outro indivíduo. A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de ajudar.

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