A violência sem limites
O Fantástico do último domingo (2) mostrou as denúncias contra um juiz de São Paulo por violência física, psicológica e sexual. A vítima é a ex-mulher dele. Os repórteres Giovani Grizotti e Bruna Vieira tiveram acesso a novos vídeos e áudios, que fazem parte da investigação do Ministério Público.
Nas imagens, Valmir Mauricí Júnior aparece filmando outras mulheres com câmeras escondidas. E um dos áudios, de acordo com a acusação, foi gravado quando ele tentou sufocar a esposa dentro de um carro. A mulher não entregou só essa gravação à polícia, mas também vídeos feitos por ela durante o tempo em que morava com o juiz Valmir Maurici Júnior, em Caraguatatuba, no litoral de São Paulo.
Casos como esse mostrado pelo Fantástico, infelizmente, seguem sendo comuns. A diferença é que dessa vez envolve um juiz, ou seja, uma pessoa em teoria com um nível de preparo acima da média justamente para lidar com situações extremas, entre elas da própria violência contra as mulheres que segue emalta.
Dados do boletim Elas vivem: dados que não se calam, lançado no mês de março deste ano pela Rede de Observatórios da Segurança, registrou 2.423 casos de violência contra a mulher em 2022, 495 deles feminicídios.
São Paulo e Rio de Janeiro têm os números mais preocupantes, concentrando quase 60% do total de casos. Essa foi a terceira edição da pesquisa feita em sete estados: Bahia, Ceará, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Piauí, os dois últimos monitorados pela primeira vez.
Os dados são produzidos a partir de monitoramento diário do que circula nos meios de comunicação e nas redes sociais sobre violência e segurança. As informações coletadas alimentam um banco de dados que posteriormente é revisado e consolidado pela rede.
O Estado de São Paulo registrou 898 casos de violência, sendo um a cada 10 horas, enquanto o Rio de Janeiro teve uma alta de 45% de casos, com uma mulher vítima de violência a cada 17 horas. Além disso, os casos de violência sexual praticamente dobraram, passando de 39 para 75 no Rio de Janeiro.
Mas o que fazer?
Primeiro é preciso dar suporte a essas mulheres, como vai acontecer a partir de agora. Mulheres em situação de violência doméstica terão prioridade no atendimento pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine). A medida foi publicada nesta terça-feira (4), no Diário Oficial da União (DOU), que também traz lei para instituir programa de prevenção e enfrentamento ao assédio sexual na administração pública.
Outro aspecto é devolver a autoestima e, neste sentido, Goiás tem dado exemplo através de uma parceria com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Através do SUS, mulheres vítimas de violência estão sendo operadas para tentar apagar as marcas físicas deixadas pelos agressores. Já as marcas psicológicas, bom, essas são mais difíceis de serem esquecidas.