Ainda distantes
Nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, queremos chamar à reflexão nossos leitores sobre o quão distante ainda está o Brasil de outras nações quando se trata do respeito ao sexo feminino. Parece se tratar de um problema cultural crônico, onde o brasileiro homem precisa ser o garanhão em todos os sentidos. Parece haver uma noção de que o homem para ser homem precisa fazer piadas sexistas ou então mexer com as mulheres nas ruas, praticar atos violentos e até chegar ao estupro, a maior condição de violenta sexual e moral contra outro ser humano, em especial a mulher.
Para quem duvida dessa condição ainda, basta observar que clubes de futebol contratam jogadores e técnicos envolvidos comprovadamente em casos de agressão física e sexual como se nada tivesse acontecido e há a defesa pública de muitos desses envolvidos por ‘figurões’ da modalidade. E se tivesse acontecido com a esposa ou uma filha haveria a mesma reação?
Quando se acha normal uma mulher ser assediada na academia, no ônibus, na rua, no lago, é porque está tudo errado e ainda estamos distantes de pensar em igualdade ou então em sermos uma nação plenamente desenvolvida.
Quando mulheres são assassinadas por ex-companheiros por estes acharem que elas são ‘propriedade’ sua é porque ainda estamos distantes de oferecer um mínimo não apenas de segurança, mas de dignidade. Quando mulheres se sujeitam a ficarem levando tapas e sendo xingadas a todo instante por simplesmente não terem para onde ir ou a quem recorrer é porque ainda estamos distantes em ter políticas públicas de verdade e eficazes para atender essas mulheres em suas necessidades mais básicas.
Enfim, ainda estamos distantes de muitas coisas que não será apenas com discurso ou ideologia que serão resolvidas, muito menos com a tentativa de implantação de alguns assuntos no ambiente escolar, até porque a escola não deixa de ser o reflexo da própria sociedade. Uma sociedade distante daquilo que é mínimo para que as mulheres possam celebrar seu dia de uma forma mais leve e sensível, como são as mulheres em geral e com quem os homens poderiam aprender tantas coisas se tivesse essa mesma sensibilidade.