Brincadeira tem hora

A mania do brasileiro em querer levar tudo na base da brincadeira precisa começar a ser revista diante da globalização e, claro, dos novos tempos, onde nem tudo é encarado com a mesma naturalidade que no passado. Se antes tudo era permitido, hoje em dia quase nada se pode. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra como diz o ditado, mas fato é que em alguns setores é preciso manter a seriedade e evitar a ironia.

Uma destas áreas é justamente a Justiça e, como mostra um vídeo que ‘viralizou’ nos últimos dias, principalmente quando se está num casamento. Um vídeo que circula nas mídias sociais mostra o momento em que uma noiva disse “não” de brincadeira durante o seu casamento em um cartório. Porém o juiz de paz não achou a atitude engraçada e determinou o cancelamento da cerimônia imediatamente, mantendo a orientação que prescreve a justiça.

O momento ocorreu quando o juiz pergunta se era por livre e espontânea vontade que a noiva estava ali e se ela aceitava o homem como seu marido. A mulher então respondeu que não estava se casando por vontade própria. Mas, rapidamente, ela mudou a versão e disse “sim”. Os convidados da cerimônia riram da brincadeira feita pela noiva. O juiz de paz, entretanto, não teve a mesma atitude. “Não pode fazer isso, não tem desculpa. É sério, não pode fazer isso”, afirmou.

A decisão do juiz se deu porque está escrito no artigo 1.514 do Código Civil que o casamento só pode ser realizado após a manifestação de interesse do casal. Além disso, o inciso 1 do artigo 1.538 do Código Civil ressalta que recusar a solene afirmação da vontade resulta na suspensão imediata da cerimônia.

O fato ocorreu em 2016, no bairro de Campo Limpo, em São Paulo (SP). O vídeo do episódio de Mirian Ferraz e Vanildo Vieira, entretanto, viralizou apenas agora, com milhares de compartilhamentos.

Depois de realizar outros casamentos que estavam na fila, o juiz de paz acabou revendo sua decisão e concluiu o enlace do casal no mesmo dia. E deu certo. O casal permanece unido e hoje tem uma filha de dois anos e quatro meses. Menos mal! Mas fica a lição: brincadeira tem hora. E lugar!

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