Doação: um ato de solidariedade a vida

A doação de órgãos é um ato de solidariedade. É um sopro de esperança, uma chance de vida para aquele que está à espera. Esperar por um órgão é uma batalha intensa. Como se o início e o fim pudessem se misturar de alguma maneira. Enquanto uma família chora a perda de um ente querido, a outra comemora a chance recebida.

Mesmo que em vida a pessoa tenha manifestado o desejo de doar é a família que decide. São os familiares que irão determinar o que será feito. É um momento delicado, de dor e eles não têm muito tempo para pensar sobre o assunto, pois envolve uma corrida contra o tempo.

Há quem diga que envolve uma missão. Quem já deixou esse mundo ainda tem a missão de ajudar e os familiares que perderam o ente querido têm a missão da escolha. Dizer sim é aceitar que tem em mãos o poder de ajudar a salvar outras vidas; vidas de estranhos; vidas de pais, mães, filhos; vidas que são importantes para outras vidas.

Quem faz essa abordagem aos familiares precisa ter sensibilidade, por isso, a presença de uma equipe capacitada é fator importante para que o processo seja realizado sem deixar dúvidas, sem deixar incertezas e sem deixar medos. Esclarecer como funciona os protocolos e como acontece o diagnóstico de morte encefálica é uma tarefa desses profissionais.

A falta de conhecimento em relação a morte encefálica e se o ente querido tinha o desejo de doar os órgãos são as principais dúvidas em relação ao autorização da captação. A abordagem da equipe profissional acontece somente após serem concluídos os protocolos pré-estabelecidos pelo Estado.

A 20ª Regional de Saúde conta com o Hospital Bom Jesus que também atua na capacitação de profissionais voltados a esse tipo de atendimento. A Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) trabalha para que os familiares estejam amparados e o ato de solidariedade seja concretizado.

Devido ao trabalho executado com carinho e comprometimento, a casa de saúde é referência na captação de órgãos. No ano passado, ocorreu o registro de 17 potenciais doadores, com 17 doações confirmadas o Bom Jesus teve 100% de conversão, ou seja, as famílias abordadas autorização a captação dos órgãos e disseram sim. Em 2022, foram 17 abordagens e 16 autorizações.

O comprometimento dos profissionais reflete naquelas ligações que levam boas notícias aos pacientes na fila de espera, é aqui que ocorre o entrelaço entre o fechamento do ciclo para alguns e um recomeço para outros. O trabalho da equipe é excepcional, porém, o mérito é de quem disse sim, é daquele que mesmo em um momento de fragilidade foi tocado pelo espírito da solidariedade e escolheu que a vida continue.

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