Estica e puxa
É difícil a vida do cidadão comum quando acompanha as decisões do poder público em suas várias esferas no Brasil, afinal, em determinado momento enxuga-se a máquina enquanto em outro a aumenta sem dó, nem piedade. Reflexos de eleições a cada 2 anos no país, que obriga muitas vezes os administradores a adequarem suas estruturas sob pena de ficarem sem as migalhas que sobram de Brasília, onde a partir de 2023 está prevista a criação de mais ministérios, totalizando 33.
No Paraná o governador Carlos Massa Ratinho Junior também enviou uma proposta para aumento de secretarias e a explicação dada pelo deputado estadual Guto Silva, uma espécie de braço direito do governador, é que as mudanças em Brasília exigem alterações na terra das araucárias. A tal ‘nova conjuntura política’ citada realmente mudou o cenário e pastas que se julgavam extintas serão ressuscitadas sem a menor cerimônia, afinal, dinheiro público foi feito para gastar.
Mas nem é preciso viajar para perceber como os sabores das administrações públicas dançam conforme o gosto de quem ocupa a principal cadeira. Em Toledo o prefeito Beto Lunitti tão logo assumiu promoveu uma ampla reforma administrativa com a palavra oficial de reduzir gastos e tornar a máquina pública mais ágil. Na prática os gastos seguem sendo rigorosamente os mesmos – isso se não houve aumento – e a tal agilidade pregada até agora em alguns setores ficou apenas na verborragia adotada pelos fiéis seguidores.
Não que as mudanças não possam ocorrer, até porque a sociedade é dinâmica e suas demandas precisam ser melhor atendidas por parte de quem ocupa o poder. Entretanto, melhor seria dizer simplesmente que, em cada mudança realizada quando se aumenta o número de cargos políticos a serem distribuídos, o objetivo é muito simples: acomodar novos ou antigos aliados.
Evidente que cada gestor tem lá sua maneira de pensar e agir e alguns ajustes naturais precisam ser feitos para adequações, entretanto, diante dos números envolvidos em cada mudança fica difícil acreditar nesta história dos contos infantis, onde finais inverossímeis até são encarados com naturalidade, uma naturalidade que na gestão pública nacional é bastante presente.