Juros menos abusivos

Entrou em vigor nesta quarta-feira (3) a decisão do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional reduzindo os juros do rotativo do cartão de crédito. Nada também para se comemorar, embora seja preciso reconhecer se tratar de uma vitória ao consumidor. Ao invés dos cerca de 430%, agora este índice será de ‘apenas’ 100% sobre o valor da dívida. A conta é muito simples: se antes o consumidor não conseguia quitar a fatura total do cartão de crédito, precisaria pagar em torno de 4 vezes o valor da dívida no mês seguinte, algo praticamente impossível. Agora esta conta será de apenas uma vez o valor original. Agora pelo menos está quase impossível. Resta uma pequena esperança.

O cartão de crédito no Brasil é visto como um vilão justamente porque uma boa parcela de consumidores não consegue pagar a fatura de maneira integral, o que transforma uma pequena dívida numa montanha sem fim de lima conta impagável, ou então, paga com um juros para lá de abusivo. A decisão dos órgãos financeiros país, de certa forma, estabelecem um equilíbrio menos nocivo ao consumidor que enxerga no cartão de crédito a alternativa para driblar o baixo salário ou o pagamento de taxas e impostos que consomem uma fatia considerável da renda do trabalhador comum.

Mas o cartão, quando bem administrado, pode sim representar uma ferramenta importante de auxílio na administração caseira, afinal, alguns bens só são adquiridos graças ao parcelado no cartão de crédito. Reduzir os juros para um patamar de 100% da dívida é um alento, porém, ainda está longe da verdadeira solução, que passa também pela redução dos juros, mas de uma melhoria na vida das pessoas, através do pagamento de salários mais dignos e de serviços mais justos diante da cachoeira de impostos paga pelo cidadão brasileiro.

Além disso, é preciso haver um melhor critério na distribuição do crédito, onde o risco de inadimplência é alto, o que de certa maneira também pressiona a se estabelecer uma taxa de juros alta. Os bons acabam pagando pelos maus, numa gangorra sem fim, mas que agora pelo menos será um pouco mais barata de se aguentar.

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