Lógica invertida

No exercício da profissão de jornalista não é raro ouvir a seguinte pergunta diante do questionamento sobre algum eventual problema: “Quem te passou a informação”, ou então, “de onde saiu isso”, como fosse mudar algo de onde partiu a informação. Ora, a informação pode ter saído de um marciano em passagem pela Terra, de um sonho psicodélico, de um surto, de qualquer lugar ou pessoa. Não interessa! O mais importante é confirmar ou não aquilo que está sendo questionado. Existe no Brasil em geral, em especial quando envolve agentes públicos, uma lógica invertida de tentar desmoralizar quem aponta o erro e busca respostas, como é o trabalho da imprensa séria e comprometida com as causas da sociedade onde está inserida.

Não são raras as vezes onde jornalistas são atacados por perguntarem sobre algo que deveria ser público, porém, muitas vezes procuram ser escondidos em decisões judiciais, em acordos sorrateiros, em negociatas. Informações básicas viram ‘segredo de estado’ e o silêncio impera onde deveria haver um diálogo simples e respeitoso. Trevas são erguidas ante a luz que esbarra na desinformação e na tentativa de segurar dados. A lógica invertida atinge o jornalismo em primeiro lugar, mas não apenas ele, afinal, quando a sociedade acordar de verdade para o quão prejudicial pode ser a verborragia demagoga de quem tenta esconder a verdade, certamente haverá uma transformação muito mais ampla que apenas os debates acalorados no mundo virtual.

Até porque o jornalismo de verdade, aquele raiz, vive justamente no ambiente real, no calor e no cheiro das ruas; no corre-corre das pessoas e em suas falas sem conexão entre uma frase e outra. O jornalismo que apura os fatos está além da janela ou do ar-condicionado que isola as pessoas, as coloca numa bolha e estas parecem viver em mundos paralelos, em seus metaversos onde tudo pode e é bom e quem pensa ao contrário é visto como um vírus destruidor e por isso mesmo precisa ser destruído.

Muitos exemplos dessa construção da lógica invertida poderiam ser expostos aqui, entretanto, o JORNAL DO OESTE prefere seguir a lógica do bom jornalismo e seguir apurando, investigando e apontando. Sem medo, sem receio ou frustrações, porque a essência do jornalismo está em cada página escrita, seja ela no papel ou nas linhas virtuais da internet.

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