Mudanças

A morte de uma paciente, semana passada, após atendimento dentro da sede do Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar) em Toledo é a prova mais clara do quanto a praga do descontrole total sobre o serviço público tomou conta geral. Num país onde a cada novo dia novos casos como esse surgem, poderia não chega a ser uma surpresa. Todavia, ainda é ultrajante observar profissionais que lidam com a saúde pública usarem do sistema, da estrutura, da conivência, da incapacidade de fiscalização para benefício próprio.

Não são poucos os relatos de pessoas, em geral idosos, que precisam pagar por próteses não previstas dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). A parece ser este o caso desta paciente de 56 anos que morreu após ser atendida por um médico de forma particular numa estrutura pública. Só isso já seria suficiente para se fazer uma completa varredura na forma como o Ciscopar está sendo gerenciado. Não que o Consórcio de Saúde tenha responsabilidade direta pela morte. Mas indireta sim! Por isso é que esse caso não pode ser tratado como tantos outros que acontecem diariamente e são ‘deixados pra lá’. É preciso uma apuração completa, isenta e os responsáveis – ou seriam irresponsáveis – serem devidamente punidos. O médico ortopedista atendeu em sua clínica particular, porém, quando precisou fazer uma correção na prótese, usou as dependências do Ciscopar.

Se existe algo de positivo neste caso, ao menos, é perceber a indignação do atual secretário executivo do Ciscopar Rodrigo Furlan Marchezoni. Ele não se escondeu atrás de desculpas. Não se isentou. Assumiu o fato, apurou o erro e prometeu a abertura de processos administrativos.

Ninguém poderá devolver a vida a esta senhora. Não se pode voltar no tempo. Mas se pode aperfeiçoar processos, sistemas e o controle sobre a forma de atendimento. Tantas tragédias serviram de exemplo para mudanças significativas na forma de encarar determinadas situações. Basta se lembrar do que aconteceu na Boate Kiss, em Santa Maria (RS). De lá para cá muita coisa foi aperfeiçoada. Assim também é possível fazer com o serviço público que no Brasil é tratado de maneira muito desleixada em geral. Um desleixo que, dessa vez, custou uma vida.

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