Nação acéfala
Passados dias do resultado da eleição presidencial o Brasil mergulhou num tufão. Estradas bloqueadas, agressões – físicas e verbais de toda natureza – e cenas lamentáveis de saques em plena luz do dia estão sendo registradas desde a noite do último domingo, quando Luiz Inácio Lula da Silva venceu Jair Bolsonaro. A nação, desde então, está acéfala. Entrou numa espiral de desequilíbrio como há muito não se via.
Quem defende a democracia entende que somente se o resultado das urnas for diferente é que vale; quem venceu pela democracia sapateia na Constituição ao promover invasões a prédios públicos ou manifestações agressivas, como se viu na segunda-feira à tarde na Câmara Municipal de Toledo. Nenhum dos lados dessa história têm razão, prejudicando milhões de pessoas que não têm lado, ou seja, tentam seguir a vida independente das escolhas políticas, tomadas muitas vezes sem chance de escolha.
Milhões de pessoas que querem apenas trabalhar, viver, acreditando que no futuro o Brasil voltará a ser uma nação respeitada em todos os sentidos, incluindo aí o respeito à propriedade e aos valores familiares. Para isso não precisa ser de direita ou de esquerda, mas sim de coerência, afinal, foi a partir do momento que se tentou implantar uma cultura fora da curva é que o país degringolou uma velocidade espantosa, fruto também de lideranças capengas em todos os setores e níveis.
Lideranças que acreditam em qualquer bobagem, que agem por impulso, espalham informações falsas e criam este ambiente nocivo. O caos e o medo dos últimos dias não aconteceu apenas pós-eleição. Veio sendo construído ao longo dos últimos anos, passo a passo, seguindo uma cartilha perigosa e que por detalhe não foi implantada por completo.
O momento é de análise profunda sobre os motivos pelos quais se chegou a tão baixo nível em termos de lideranças. Porém, mais importante é saber o que fazer daqui por diante, até porque opções melhores que as de hoje existem. Resta saber se haverá espaço para estas novas lideranças amadurecerem a ponto de, um dia, conseguirem devolver o equilíbrio e o bom senso a uma nação completamente acéfala.