Não é só a esmola

A Prefeitura de Toledo lançou a campanha ‘Esmola Não Dá Dignidade!’. O objetivo é diminuir o número de pessoas em situação de vulnerabilidade social nas ruas do município e orientar a população para que, nos casos de abordagem nos semáforos, por exemplo, direcione as pessoas para o serviço de assistência adequado. Hoje são em torno de 100 pessoas sobrevivendo de esmolas, doações e, claro, daquilo que a rua oferece e nem sempre nas melhores condições.

O assunto, claro, é bastante polêmico porque não se trata apenas de dar ou não um ‘trocado’ nos cruzamentos das esquinas, mas sim porque é algo que extrapola os limites do município. Toledo não é uma ilha e o aumento das pessoas nas ruas é reflexo de uma conjuntura nacional. Em qualquer cidade país afora o problema tem aumentado, pois a questão das pessoas nas ruas vai muito mais além de uma simples esmola.

E é justamente aí que qualquer campanha, por melhor que seja, esbarra, pois é preciso respeitar o direito de ir e vir; é preciso respeitar o direito da pessoa querer viver na rua; é preciso respeitar a dignidade humana; é preciso respeitar tantas e tantas coisas. Mas aonde fica o respeito de quem mora na rua – e aqui generalizando mesmo – quando se cometem crimes, se usa drogas sem o menor pudor, se incomodam as pessoas que transitam pelas mesmas ruas ou então que precisam trabalhar e às vezes precisam esperar um verdadeiro acampamento ser desmontado para conseguir abrir uma simples porta. Ou então quando fezes estão ‘enfeitando’ o jardim de empresas, junto com restos de comida, sexo e bebedeira. Aonde fica o direito do cidadão que trabalha e busca se sustentar de maneira digna?

Sim, o assunto é polêmico e ultrapassa barreiras, como já dito. E não será esta campanha que vai mudar a realidade, até porque é uma campanha muito mais ideológica que prática, pois busca conscientizar as pessoas. Sim, mas através de quais ações práticas? Falar para não dar esmola é o mesmo que lembrar existir na Bíblia o mandamento de não matar ou roubar. E as pessoas matam e roubam. A diferença está na punição em se cometer tais atos. Mudar a consciência, a cultura de um povo não é tarefa fácil e não será apenas na base da eloquência que essa questão da esmola será resolvida, até porque, convenhamos, não é só a esmola.

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