O abuso do abuso

Somente na semana que passou pelo menos três médicos foram presos – um deles em Maringá – acusados de abusar das pacientes que atendiam em seus consultórios. Além deles, um jovem foi detido numa faculdade particular em São Paulo dentro de um banheiro misto – viva a modernidade e a igualdade de gêneros! – após fotografar e filmar mulheres. Até quando o cidadão brasileiro vai se conformar com o abuso do abuso? Até porque notícias como essa estão se tornando, infelizmente, extremamente comuns no noticiário nacional. E em todos os cantos!

Não dá mais para colocar a culpa apenas na questão cultural, assim como também não dá para compreender banheiros mistos. Essa mistura de ninguém sabe mais aquilo que deve ou não ser tem levado a cenas escabrosas como na faculdade paulista. Mas isso não explica ou justifica tantos médicos serem presos por abuso de pacientes. Apenas a cassação do CRM tem sido insuficiente, assim como o pagamento de multas. É preciso uma punição mais severa a este tipo de crime tão covarde, nojento, vil em todos os aspectos.

Mas o que esperar de um país onde a noção de Justiça é tão tênue e sacode de acordo com ventos poderosos em benefício de poderosos, enquanto aos ‘meros mortais’ seus tentáculos surgem com extrema voracidade. A comparação soa como boba, mas, um cidadão comum atrasa sua conta e tem linhas de crédito cortadas imediatamente, nome negativado, entre outras medidas que travam ainda mais sua vida econômica; enquanto isso grandes empresas dão calotes um atrás do outro e seus donos seguem a vida como não houvesse amanhã pela condição de ad infinitum recursos permitidos pela legislação brasileira.

Alguns desses profissionais presos respondem aos processos de abuso em liberdade, enquanto outros abusadores sem os mesmos recursos pagam de outra forma por crimes em certos casos até de menor gravidade, mas com a devida justiça, até porque qualquer crime precisa ser punido, ainda mais em se tratando de abuso sexual, cujas marcas são profundas e difíceis de serem esquecidas.

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