O avanço no interior

Se no início, lá em março, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) estava basicamente concentrada nas capitais, hoje a situação se inverteu. O interior do país concentra quase 60% dos casos registrados. Na segunda quinzena de abril, 65% dos casos eram em capitais, enquanto 35% eram no interior. Atualmente, 19 estados têm mais proporção de casos no interior do que nas capitais, como é o caso do Paraná. A região Oeste do Paraná atingiu 76% de ocupação dos leitos de UTI do SUS destinados exclusivamente para pacientes suspeitos ou confirmados com a Covid-19. A cidade de Cascavel apresenta o maior número de casos acumulados do estado desde o início da epidemia: 533 casos/100.000 habitantes. Se na última semana (14 a 21 de junho) o número de casos no Paraná cresceu 51%, esse crescimento foi de 68% em Cascavel e 83% em Toledo.

A situação é tão preocupante que as duas cidades, no fim de semana, responderam por quase metade dos novos casos registrados em todo o estado. Isso tem se refletido na taxa de ocupação dos leitos hospitalares, tanto assim que no domingo o Hospital Bom Jesus, em Toledo, bateu 100% na taxa de ocupação dos leitos de enfermaria, algo que já havia acontecido ao longo da semana passada com as Unidades de Terapia Intensiva, deixando em alerta as autoridades em saúde pública e resultando no Decreto de sexta-feira, que fechou o comércio varejista em geral pelos próximos dias. A medida, criticada por alguns setores, é simplesmente o reflexo deste avanço da doença no interior, onde nem sempre as estruturas de atendimento em saúde são tão completas quanto nas capitais e que, sim, podem fazer saltar o número de mortes num curto espaço de tempo.

Este avanço pelo interior também é reflexo de uma cultura muito comum de sensação de poder, ou seja, isso é coisa que só acontece em grandes cidades, isso jamais vai chegar até o interior. No caso do coronavírus não apenas chegou, mas chegou com tudo, transformando por completo a rotina de milhares de pessoas que passaram a conviver com regras sanitárias e de distanciamento social inimagináveis até pouco tempo.

De qualquer maneira este avanço preocupa porque nem sempre a logística para cidades mais isoladas é a mesma do que para grandes centros urbanos e nesta edição o JORNAL DO OESTE mostra que existe uma preocupação real quanto a uma possível falta de alguns medicamentos, especialmente aqueles usados nos leitos de UTI em função de uma demanda exagerada e provocada pelo surto repentino da Covid-19.

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