O blockbuster do Centrão

Quando um filme faz um sucesso estrondoso no mundo do cinema costuma-se dizer que ele é um ‘blockbuster’, em tradução livre, um ‘arrasa quarteirão’. E esta semana o chamado Centrão dentro do Congresso Nacional mostrou ser um verdadeiro arrasa quarteirão, ou melhor, um arrasa nação. A promulgação da Proposta de Emenda à Constituição da Transição foi a prova maior do quanto o sistema político nacional é imperfeito, injusto com o cidadão comum e longínquo em relação à realidade das cada dia mais tórridas ruas tupiniquins.

A votação a PEC foi obtida após ampla negociação entre o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, seu partido o PT e, claro, os agentes do Centrão. Como se diz no popular, esse triunvirato fez ‘barba, cabelo e bigode’. A proteção do teto acabou, os salários serão aumentados em índices estratosféricos e ainda foi liberado uma bonificação para o próximo governo jamais visto na história política recente do país. Usando outro pensamento popular bastante comum no mundo futebolístico, o país jogou como nunca e perdeu como sempre, sendo rebaixado – mais uma vez – na divisão política.

O mais preocupante não é apenas o efeito que essa decisão trará a curto prazo, mas o estrago que causará no médio e longo prazos. O efeito cascata que essa decisão terá nos cofres públicos ainda é impossível ser mensurado, entretanto, não precisa ser nenhum expert em gestão para esperar por mais e mais e mais e mais e mais…aumentos para os cargos eletivos e, com isso, para servidores públicos que, em sua maioria, já possuem salários muito mais polpudos em relação à iniciativa privada. Não que o servidor não mereça ser bem pago. Deve! O problema é o custo da gestão pública quando se compara a relação entre o que se paga e o que o cidadão do outro lado recebe em termos de serviços essenciais nem sempre prestados com a qualidade necessária.

Mas esse é o Brasil, onde o blockbuster do Centrão segue batendo recordes de arrecadação e se perpetuando com um ‘fiel da balança’ que pende para um lado ou para o outro de acordo com o sopro do vento. Uma pena o vento soprar na maior parte do tempo no revés de quem precisa velejar numa canoa furada diante do navio de cruzeiro imponente de uma classe cada dia mais distante da realidade.

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.