O esporte e a Justiça
Via de regra, jogador de futebol no Brasil quase sempre foi tratado como uma criança mimada que pode fazer tudo e os pais passam a mão na cabeça. Em geral os atletas deste mundo específico são tratados como ‘bibelôs’ que podem fazer o que bem entendem sem se preocupar com nada. Talvez esse aspecto enraizado na cultura do futebol brasileiro sirva para explicar tamanha queda em termos de resultados em grandes competições nos últimos anos e o declínio técnico dos jogos em nível nacional. Não por acaso os jogadores saem cada vez mais cedo.
Cenas de brigas em estádios de futebol, discussões entre jogadores, quebradeira em torno de arenas modernas são, infelizmente, comuns de Norte a Sul e, recentemente, o maior clássico do futebol paranaense uma vez mais foi notícia. Mas não pelo resultado de empate entre Athletico e Coritiba, mas porque o jogo sequer terminou, tamanha a confusão entre vários atletas das duas equipes.
Não cabe aqui discutir quem começou a encrenca, até porque não existe nenhum lado certo nessa história. Esta semana, a Procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) formulou a denúncia do Atletiba de 5 de fevereiro. O relatório pede suspensão para nove jogadores: cinco do Athletico Paranaense e quatro do Coritiba.
Na segunda-feira (13), atletas das duas equipes compareceram à Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe) para prestar depoimento. Eles foram indiciados pela Polícia Civil pelo crime de ‘participação em rixa’, com base no artigo 137 do Código Penal, que prevê como punição de 15 dias a dois meses de reclusão, ou multa.
No entendimento do delegado Luiz Carlos de Oliveira, os jogadores precisam dar exemplo à sociedade e não estão isentos das penalidades previstas em lei. Para o delegado, o caso deve ir além da esfera esportiva. “O esporte faz parte do contexto social. O estádio é ocupado por torcedores. Isso faz parte da sociedade”, declarou. “Os jogadores têm que saber que exercem função social. Não é permitido que façam uma batalha campal incentivando a violência”, argumentou. E com toda razão! É preciso um basta e por algum lugar é preciso começar.