Ofensa ao Paraná
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, retificou declaração dada ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na qual afirmou que “Curitiba gerou Bolsonaro. Curitiba tem o germe do fascismo”. Em texto publicado no twitter, Mendes alegou que a declaração, na verdade foi direcionada à chamada “República de Curitiba” – nome dado à Operação Lava Jato.
Seja lá qual tenha sido a real intenção do ministro, fato é que em qualquer uma das declarações Mendes ofende não apenas a cidade, mas o Estado do Paraná como um todo, afinal, se o exemplo dado pela “República de Curitiba” não tivesse servido para nada, certamente o ex-juiz federal Sergio Moro não teria sido eleito para a única vaga do estado ao Senado Federal em 2022, bem como o ex-presidente Jair Bolsonaro não teria feito a votação expressiva na maioria dos municípios paranaenses.
As declarações de Gilmar Mendes provocaram reações de políticos paranaenses. “O ministro Gilmar Mendes certamente vai esclarecer uma fala infeliz, que ataca gratuitamente Curitiba e os paranaenses. O Paraná é terra de gente trabalhadora, que tem como norte o progresso, a lei e que repudia a corrupção e toda e qualquer forma de intolerância e preconceito”, postou o governador Ratinho Jr em sua conta no twitter. Sem citar nomes, o prefeito Rafael Greca (PSD) também comentou o episódio. “Não confundam o bom povo curitibano e o grande nome da nossa amada Curitiba com qualquer briga política”, afirmou ele.
Na Assembleia Legislativa pelo menos sete deputados reagiram, a maioria criticando a fala do magistrado. Alguns até sugeriram um voto de repúdio contra o ministro que, a exemplo de outros colegas do Supremo Tribunal Federal, seguem alienados dos acontecimentos à sua volta, administrando as regras de acordo com as conveniências do momento.
O comportamento do ministro Gilmar Mendes é político, assim como tantas outras decisões que sob a ótica da Justiça são, no mínimo, questionáveis, como quando numa decisão monocrática se acabou com a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista no Brasil, apenas para citar um exemplo do comportamento dúbio dos ministros de uma corte cercada de bobos.