Poucas mulheres
Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) traçou um perfil dos prefeitos eleitos e reeleitos no Paraná. De acordo com a sondagem, a idade média dos eleitos é de 52 anos. Em relação à representatividade feminina, apenas 9% são mulheres. Entre as 10 maiores cidades do Paraná, duas tiveram prefeitas eleitas: Ponta Grossa, com Elizabeth Schmidt (União), e São José dos Pinhais, com Nina Singer (PSD). O porcentual de mulheres eleitas é menor que a média nacional, que ficou em 13%.
A baixa presença das mulheres na política brasileira é um reflexo da desigualdade que atravessa várias esferas da sociedade. Apesar de avanços significativos nas últimas décadas, o Brasil ainda apresenta um cenário político em que a representatividade feminina é bastante limitada. Em um país onde mais de 50% da população é composta por mulheres, o Congresso Nacional e outras instâncias políticas permanecem majoritariamente ocupados por homens. Esse fenômeno é o resultado de diversos fatores, entre eles, o forte impacto da cultura machista, que historicamente restringe o espaço e o protagonismo feminino em áreas de poder.
Em geral, desde cedo, mulheres são submetidas a padrões que reforçam papéis tradicionais de gênero, muitas vezes limitando suas aspirações ao ambiente doméstico ou a profissões consideradas “femininas”. Enquanto os homens são estimulados a serem assertivos e a buscar posições de liderança, as mulheres frequentemente enfrentam barreiras simbólicas e reais para entrar na política. Aos poucos isso vem mudando, mas de uma forma muito tímida ainda, em especial quando se aborda especificamente a política.
Neste sentido, a falta de redes de apoio político e financeiro para mulheres candidatas é um impeditivo. A estrutura partidária muitas vezes não proporciona condições equitativas para que mulheres concorram e se destaquem em eleições. Embora a legislação brasileira exija uma cota de 30% para candidaturas femininas, muitos partidos acabam por usá-la de maneira simbólica, sem garantir que as mulheres candidatas recebam os mesmos recursos e visibilidade que os candidatos homens. Casos de candidaturas laranjas são frequentes e indicam que a cota, apesar de necessária, é insuficiente para criar mudanças efetivas na representatividade feminina.
Além disso, mulheres na política enfrentam desafios adicionais, como a violência política de gênero que vão, desde ataques pessoais nas redes sociais até ameaças e intimidações, tanto de eleitores quanto de colegas políticos. Esse ambiente hostil desencoraja muitas mulheres a seguirem na carreira política, e aquelas que decidem persistir precisam lidar com altos custos emocionais e sociais.
Para reverter esse quadro e garantir uma maior representatividade feminina na política brasileira, é necessário adotar uma série de medidas que vão muito além de simplesmente estabelecer uma cota de gênero.