Pressão sobre o Congresso
Ainda na esteira das manifestações contra o resultado do 2º turno das eleições presidenciais, é preciso arrefecer a ira quanto à soma das urnas e refletir sobre os motivos que levaram ao fechamento de rodovias país afora, assim como a mobilização a ponto de se fechar centenas de lojas e reunir milhares de pessoas em cidades de todos os cantos ao longo dos últimos dias. Muita gente tem dúvida quanto à integridade das urnas, embora o sistema venha sendo utilizado no Brasil há décadas, com eleição após eleição sendo referendada sem haver tamanha comoção. Este é apenas o primeiro ponto.
Outro é sobre a possibilidade de auditar o resultado. Embora haja mecanismos já previstos nas urnas eletrônicas brasileiras, há ainda quem defenda o retorno do voto impresso. Ora, tivesse o Congresso Nacional exercido na plenitude sua função, quem sabe hoje ninguém estivesse questionando o resultado das urnas. Porém, ao invés de exercer esse papel, os deputados e senadores preferiram transferir a responsabilidade – uma vez mais – às instâncias superiores.
Muitos reclamam das atitudes dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e, em algumas situações com razão, importante destacar. Muitos, entretanto, esquecem que determinadas reações do STF são provocadas pela omissão do Congresso Nacional. Deputados e senadores queriam o retorno do voto impresso, mas sem perder um centavo do farto dinheiro oriundo do fundo eleitoral. Muitos defendem mudanças no sistema, desde que não haja redução nos benefícios polpudos. A pressão da sociedade precisa acontecer – também – sobre o Congresso e não apenas no resultado de uma eleição.
Infelizmente no Brasil a memória do povo é curtíssima, pois só isso ajuda a explicar a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para um novo mandato. Mas se a maioria assim o quis…Hoje, passado pouco tempo da eleição da próxima legislatura, existe uma parcela considerável da população que sequer lembra em quem votou para deputado ou senador. A omissão do Legislativo é também a omissão da sociedade brasileira como um todo, que questiona a urna eletrônica, mas não mexe um dedo para cobrar de seus legítimos representantes uma postura diferente da que a nação assiste quase sempre. Basta olhar a composição que já se costura a partir de 2023, com a ‘oposição’ raivosa se aninhando com todo conforto no próximo governo.