Privatizar ou não?
Em meio à pandemia que ainda se vive no país, outra reapareceu e essa, infelizmente, a maioria dos brasileiros conhece: a greve! E, infelizmente também, quase todos os anos na mesma categoria, dos Correios. Esse ano ao menos, talvez por questões mais morais que ideológicas, outras categorias preferiram se manter em silêncio quanto ao assunto, embora algumas vozes ameacem entrar em greve caso o sistema de trabalho em casa acabar, até porque muitos estão confortáveis sem precisar prestar contas ao Estado ou então à sociedade.
Já em relação aos Correios, o detalhe é que dessa vez não houve adesão total por parte da categoria e, embora o serviço ainda esteja sendo prejudicado, ao menos vem sendo realizado. Lento, é verdade, mas sendo feito. O motivo maior dessa nova paralisação é a possibilidade de privatização de um serviço que há tempos já poderia ter sido deixado a cargo da iniciativa privada a fim de provocar o mesmo efeito causado quando da vendas das empresas estatais de telefonia.
Para quem não se lembra, até alguns anos possuir um telefone era sinal de status. Havia filas para se adquirir as cotas, fato que levou quem possuía mais condições de ter ainda mais condições. No país das desigualdades, até o telefone ajudou a aumentar o abismo entre classes. Mas não se trata de uma análise ideológica dos fatos, apenas a análise do que efetivamente aconteceu.
Aí veio a privatização e, com ela, o aumento da concorrência que permitiu a pessoas que sequer imaginavam ter um dia telefone hoje desfrutarem dos benefícios de planos variados e a preços acessíveis a qualquer bolso. Sim, ainda existem problemas, entretanto, existem mecanismos de controle ao lado do consumidor que ao menos obrigam as empresas a adotarem regras que beneficiem quem literalmente paga a conta.
No caso dos Correios não há a quem reclamar hoje em dia. E vão se acumulando reclamações e mais reclamações de um serviço caro, lento e cheio de falhas, com atrasos na entrega das mais diversas encomendas. É compreensível num país como o Brasil a chiadeira quando se fala em privatização ou mexer no serviço público em outros setores, porém, é passada a hora do país se modernizar, deixar de lado velhos hábitos e compreender que os tempos são outros e a vaca, infelizmente, está com poucas tetas e cada vez com menos leite.