Protesto pelo equilíbrio
Em tempos onde mais uma vez o papel do Supremo Tribunal Federal é colocado em suspeição devido ao comportamento, no mínimo, inadequado do ministro Alexandre de Moraes, alguns agricultores pelo país realizaram um protesto no domingo pelo direito à propriedade e à estabilidade jurídica. No fundo, um protesto pelo equilíbrio, afinal, o Brasil segue desequilibrado diante de tantos escândalos, de tantos casos escabrosos. No mesmo domingo, uma reportagem da Rede Globo mostrou três juízes e um promotor público afastados de suas funções por suspeita no envolvimento para compra de terrenos em áreas públicas em Porto Seguro, na Bahia.
Embora nenhum dos casos tenha relação direta entre eles, de certa forma um acaba sendo o reflexo do outro, afinal, se um ministro do STF pode fazer o que lhe convém, da forma como lhe convém, o que impede um juiz em instâncias menores agir conforme também lhe é conveniente, mesmo que isso represente agir fora da lei. Assim como também o que impede que ‘representantes’ de movimentos invadam propriedades rurais da forma como é mais conveniente.
Este tem sido o Brasil da impunidade desde que todo esforço e trabalho da Operação Lava Jato foi atirado por terra. Se houve abusos, que estes sejam condenados, todavia, o que se fez com a Lava Jato foi um escárnio com a população brasileira que um dia chegou a acreditar em dias melhores e que o combate à praga da corrupção teria, enfim, um início. Todavia, foi o início, o meio e o próprio fim. Um sepultamento com a chancela oficial de um Supremo Tribunal Federal cada vez mais político e menos técnico, um verdadeiro Quarto Poder instituído.
Mas o que tem a ver a Lava Jato com o movimento de domingo?
Nada e tudo ao mesmo tempo!
Embora Sergio Moro tenha se mostrado também ser um pouco mais do mesmo, ainda assim é preciso reconhecer que foram algumas decisões tomadas por ele no passado que começaram a despertar nas pessoas o sentimento por mudanças, a vontade em fazer as coisas diferentes, em ocupar espaços antes dominado apenas pela corrupção.
O tratoraço de domingo foi mais uma prova de ainda existirem cidadãos dispostos a enfrentar um sistema apodrecido em várias camadas e que precisa ser oxigenado. E rápido!