Nesta quarta-feira (22), começa a quaresma, uma espécie de preparação para a Páscoa, considerada a festa mais importante para os cristãos. O objetivo é fazer com que os fiéis possam vivenciar, nos próximos 40 dias, de maneira mais intensa os momentos de oração, esmola, penitência, jejum e reflexão. Segundo a tradição católica, a celebração de Quarta-feira de Cinzas é o momento para uma mudança de vida completa, uma espécie de transição para novo hábitos.
Há quem estabeleça, durante este período, metas pessoais. Não comer carne, não beber, evitar determinados alimentos, rezar, orar, pedir perdão, ajudar ao próximo de maneira mais intensa, entre tantas outras promessas que fazem bem ao corpo e, em teoria, à alma. Em teoria porquê de nada adiante fazer penitência se o pensamento mesquinho segue o mesmo. Não adianta deixar de beber ou comer algo se a alma permanece inalterada quanto ao sentimento de compaixão ao próximo.
Em tempos difíceis como os vividos atualmente, espera-se do cristão um comportamento menos passional. Intolerância, agressões gratuitas, ofensas impensáveis, guerras, miséria, catástrofes e tragédias que se sucedem em todos os cantos do mundo, numa clara demonstração de que está na hora de se pensar – e agir – de maneira distinta.
A quaresma pode sim ser o ponto de partida. Nunca a chegada completa, até porque o ser humano precisa evoluir de maneira constante e esse é um processo complexo para ser feito em apenas 40 dias. Talvez leve-se uma vida inteira e jamais se perceba o quão necessário é evoluir como ser humano, como mãe ou pai, profissional, marido ou mulher, amigo ou amiga. Talvez nunca o indivíduo consiga enxergar todas suas deficiências e mudar para melhor, até porque o ser humano é um animal falho por natureza.
Melhor que não comer isso ou deixar de beber aquilo é ter um comportamento mais humano e cristão. E aqui entenda-se cristão por quem acredita, não em uma religião específica, mas sim em ensinamentos milenares de quem viveu a compaixão pelo ser humano de maneira plena.
