Sim, ainda há esperança
Acusado de estupro, agressão, cárcere privado e ameaça a mulheres, o empresário brasileiro Thiago Brennand foi preso nos Emirados Árabes. Policiais federais extraditaram o empresário, que já se encontra num Centro de Detenção Provisória em São Paulo, onde deverá aguardar julgamento.
Nas redes sociais, Thiago se apresentava com fotos vestindo faixa preta e divulga um suposto diploma de professor de jiu-jítsu formado no Rio de Janeiro em dezembro de 2019. Durante a prisão, Brennand resistiu, disse que era inocente e que estava sendo injustiçado. A inteligência da polícia dos Emirados Árabes agiu rápido porque desconfiou que o empresário fosse tentar fugir para a Rússia, onde o empresário tem amigos e já morou antes da pandemia.
Mais que a prisão em si, o fato devolve a esperança de Justiça num país que se acostumou nos últimos anos e desacreditar em quase tudo que se relaciona a este ambiente muito próprio, ainda mais após tantos desmandos por parte do Supremo Tribunal Federal e que, de certa maneira, interfere na sensação de impunidade que tanto tempo dominou a cultura brasileira.
Embora as decisões do STF não tenham ligação direta com o caso Brennand, a prisão ajuda a devolver a esperança de dias melhores e demonstra que, apesar de tantos erros, as instituições constituídas do país seguem atuando e demonstram ter bases sólidas de uma democracia ainda em construção. Tanto é verdade que as vítimas já demonstraram o desejo de depor no tribunal e voltar a ficar frente a frente com o empresário, flagrado agredindo uma mulher numa academia antes de fugir para o país árabe, onde acabou preso.
A prisão de Thiago Brennand também não deixa de ser uma resposta em apoio na luta pelos direitos da mulher num país onde a cultura machista ainda impera e a mulher é vista quase como um objeto por pessoas que entendem ser o poder econômico uma arte letal para se safar de todo tipo de acusação. Uma espécie de carta branca para fazer o que bem entender.
Casos como o de Brennand brotam país afora. Infelizmente o medo, a vergonha, a humilhação impedem que mais mulheres denunciem seus agressores. Felizmente a tecnologia e a proliferação de câmeras de segurança estão ajudando a quebrar esse paradigma do medo. Basta apenas que a Justiça também cumpra sua parte, como bem fez neste caso.