Tudo igual

No primeiro grande embate entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, na Bandeirante domingo à noite, mostrou um empate técnico entre os concorrentes. Não se trata de um estudo técnico, mas sim de uma análise subjetiva de olho naquilo que os dois falaram ao longo de um bom período de tempo que, em geral, não mexeu muito na realidade que vem sendo pregada desde o início desta campanha.

Se Lula manteve o ataque pela falta de investimentos e a apatia diante da Covi-19, Bolsonaro reacendeu a memória de escândalos gravíssimos de corrupção nas gestões petistas. Foi um duelo de gigantes da atual política nacional que apenas apimenta ainda mais uma disputa já acalorada, onde verdades nem sempre são ditas. E isso foi outro aspecto do debate na Band: a enxurrada de desinformação levada ao ar por ambos. Tanto um lado quanto o outro não se preocupou com aspectos técnicos, mas sim em desafiar seu oponente para temas delicados e nem sempre comprovados.

Como em outros momentos desta campanha é difícil cravar se houve um vencedor, afinal, os dois lados contam com uma apaixonada torcida que se comporta como essas que deram espetáculo vexatórios na rodada do Brasileirão, com invasões de campo, agressões, xingamentos e muita confusão. A política brasileira hoje está sendo levada como um time de futebol, onde a paixão tem falado mais alto que a razão e os erros do passado são ignorados por completo.

Mas houve aspectos positivos no debate, principalmente por mostrar não ser a imprensa a grande culpada por determinadas situações que acontecem neste Brasil tropical. A imprensa cumpriu seu papel – uma vez mais – de oportunizar aos líderes políticos exporem suas ideais, o que pensam sobre o futuro, embora mais se tenha falado do passado do que de propostas concretas para tirar o Brasil do atoleiro no qual se encontra desde o início de sua história.

No placar moral houve um empate técnico entre Bolsonaro e Lula, assim como parece haver nos levantamentos realizados neste segundo turno. O derradeiro e verdadeiro embate tem data e hora para terminar: 30 de outubro, às 17h, quando finalmente as urnas provarão – de fato e de direito – quem tinha ou não razão.

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