Vencedores e vencidos
Ainda na esteira da aprovação da reforma tributária, e ainda com muita dúvida e reclamação, um dos aspectos mais analisados deixa um pouco de lado o aspecto econômico para focar no político, afinal, a decisão desta semana na Câmara Federal, de certa maneira, serviu para ‘aquecer os motores’ da disputa eleitoral em 206, mas já com reflexos em 2024. Entre vencedores e vencidos, ao menos a democracia brasileira, com seus erros e acertos, saiu ilesa.
De longe o maior vitorioso foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afinal, conseguiu impor seu desejo da reforma. Ainda que não da maneira completa que pretendia, mas ainda assim um lampejo que lhe dá fôlego para sonhar com a reeleição em 2026. Por mais que não gostem seus críticos, fato é que Lula sabe jogar o jogo de Brasília e não se deixa levar na primeira pressão. Fosse assim certamente não teria conseguido se livrar da prisão na qual estava e conseguir um terceiro mandato à Presidência da República.
Mas outros personagens ganharam um pouco do brilho dessa reforma, como o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e o governador paulista Tarcísio de Freitas, assim como o presidente da Câmara Arthur Lira. A dupla inicial sonha com a cadeira de Lula, enquanto Lira quer se perpetuar no Congresso e trilhou caminho sólido neste sentido, até porque os efeitos dessa reforma começarão a ser sentidos apenas depois da eleição de 2026.
Mas os efeitos dessa votação também serão sentidos já no próximo ano, quando haverá eleição municipal. Não dá para separar uma disputa da outra, até porque quanto mais municípios aliados, maior a base eleitoral de apoio daqui três anos.
Neste sentido a conversa entre Tarcísio e seu colega Romeu Zema, de Minas Gerais, pode ser vista como o grande movimento político do atual momento, pois são os dois maiores colégios eleitorais do país se reaproximando numa tentativa de retomada da política ‘café com leite’ de outros tempos. Se dará certo ou não ainda é cedo, entretanto, ambos surgem como alternativas menos radicais e capazes de atrair outras forças para uma eventual coalisão contra a esquerda lulista.