A Autoestima e o Amor Próprio roubados

A bancarrota, mais uma vez, batia à sua porta. O primeiro empreendimento ele havia começado aos vinte anos e durou tão somente 18 meses. Foi muita falta de sorte que abrisse um negócio igual ao meu bem ao lado, justificava-se. No segundo empreendimento queria aproveitar uma oportunidade de explorar uma tecnologia inovadora. As pessoas não estavam preparadas para usá-la, era o seu argumento. Agora, aos quarenta anos, era terceira vez que ele recorreria aos pais para salvá-lo da falência. Sentia-se constrangido, mas acreditava que os pais o ajudariam outra vez. O que pode representar a situação descrita? Em parte, que os pais roubaram a autoestima e o amor próprio do filho.

Há uma tendência comportamental de que as pessoas não assumam a responsabilidade sobre a própria vida. E de quem é a responsabilidade? Entendo que muitos pais super protegem os filhos e lhes roubam a autoestima e o amor próprio. Não se trata de acusação, mas de constatação.

Como isso acontece? Os pais se alegram ao ver o filho dar os primeiros passos e festejam a conquista da autonomia de se mover sozinho. Fonte de Autoestima e de Amor Próprio para o filho que entende que pode.   Entretanto, os pais não incentivam os filhos a arrumarem a sua cama para celebrar que ele pode. Os pais não estimulam os filhos a lavarem a louça para valorizar a interdependência. Igualmente, os pais não cobram dos filhos horários para dormir e levantar em horas apropriadas para aprender que com a rotina se assume o controle das escolhas. A permissividade é o caminho mais fácil e começa o roubo da autoestima e do amor próprio. O que é autoestima? O que se entende por amor próprio? A autoestima é a capacidade de aceitar e valorizar a própria identidade, reconhecendo as características comportamentais e emocionais, enquanto amor próprio se entende como a afeição em relação a si mesmo com a aceitação das capacidades e das imperfeições com a disposição de melhorar ao se autodesenvolver. Com a superproteção os pais abdicam do papel de orientar, educar, instruir e ensinar por meio da responsabilidade para que os filhos cresçam com as dores e o sofrimento inerente a cada ser humano, para que também possam apreciar a alegria e a felicidade da própria existência. Entender-se capaz de lidar com os próprios desafios é fonte de autoestima e de amor próprio, possibilitando que alcancem uma vida plena.

Exercer o papel de pais requer se assumir como adultos. Para isso, é preciso estar disposto a orientar, educar, instruir e ensinar, que em muitos casos, gera desconforto, incômodo e a sensação de não ser querido pelos filhos. E muitos pais não aguentam essa ideia. A debilidade emocional dos pais cria nos filhos o oposto de autoestima e o contrário de amor próprio. Assim, surge uma geração de pessoas com baixa autoestima e falta de confiança pela mensagem subliminar de que não sabem fazer, bem como pessoas com ego inflado ao acreditar que tudo está a sua disposição o tempo todo. A super proteção passa a mensagem da não capacidade, roubando-lhe a autoestima, assim como ao não permitir que os filhos respondam pelas suas escolhas há uma mensagem de incompetência, roubando-lhe o amor próprio.

Por fim, creio ser importante voltar a marcar alguns rituais de passagem. Comemorar o primeiro passo, celebrar a capacidade de arrumar a cama, valorizar a habilidade de lavar a louça e cobrar a responsabilidade pelos horários é dizer aos filhos “você pode”. E quando a bancarrota bater a sua porta ele vai saber que é uma oportunidade de se desenvolver, porque ele pode. Enfim, aquele que sabe que pode aumenta a autoestima e desenvolve o amor próprio.

É da natureza da semente de carvalho se tornar um carvalho, assim como é da natureza da criança se tornar um adulto. O carvalho vai enfrentar ventos e tempestades e as pessoas terão que travar as suas lutas, assumir a suas responsabilidades e enfrentar as suas tormentas.

Moacir Rauber

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