Como estão as minhas unhas?

A esposa terminava de pintar as unhas com detalhes coloridos. Ela estava satisfeita com o resultado e foi compartilhar com o marido. Mostrou as unhas e perguntou, O que você acha, meu amor, estão lindas? Ele, que estava ocupado com seu programa de televisão, olhou de soslaio, fez um gesto afirmativo com a cabeça e devolveu as seguintes perguntas:

– Você quer a resposta do marido, a opinião de quem te vê ou a verdade?

Ela ficou em silêncio sem responder por um instante. O marido continuou:

Como marido te digo que elas estão lindas, meu amor. Para os outros não sei ao certo. Algumas pessoas não vão ver; outras vão achar bonitas e vão dizer; outras vão achar ridículas e vão falar que estão lindas; e outras ainda vão ficar com inveja e pensar que você é uma exibida. E a minha verdade? Não faz diferença…

A esposa ficou entre chocada e triste, porém reconheceu que o marido tinha lá suas razões para pensar assim. Ela, no seu íntimo, concordava com isso. Para algumas pessoas simplesmente não importa como você se arruma, se veste ou como você se comporta. O importante é estar presente sem avançar o espaço do outro. Há pessoas que observam como você se apresenta e quando veem algo de que gostam se põem genuinamente felizes e o expressam. A presença positiva importa. Há pessoas que ao verem algo diferente vão pensar que parece ridículo, mas vão dizer que está lindo. Precisam parecer positivos ao estarem presentes. Há ainda aqueles que ficam com inveja da coragem do outro em fazer algo diferente, mas o acusam de exibido. Querem estar presentes, mas não pagar o preço da presença. A esposa tinha em mente essas situações, porque já havia passado por isso antes. Não só com as unhas que apenas serviam de analogia. Em diferentes ambientes, notadamente no trabalho, muitas vezes, alguém ao propor algo novo está sujeito as avaliações e interpretações de colegas da equipe. Há aqueles colegas que se importam com a presença, a colaboração e a contribuição sem julgar; há colegas que se importam com a presença e se manifestam contribuindo; há colegas que apenas aparentemente se importam, mas sorrateiramente sabotam o outro; e há colegas que se ressentem com a competência do outro. O fato é o mesmo. As interpretações são diferentes, porque somos diferentes. Nada disso anula as leis da matemática e da física, apenas resgata que podemos nos posicionar de forma diferente diante de fatos iguais. Como você interpreta o mundo que te rodeia?

Enfim, na conversa entre marido e mulher em que não se mete a colher se pode aprender, pelo menos quem quiser. Na sequência do diálogo, o marido se afastou da televisão, abraçou a esposa e concluiu o seu raciocínio dizendo: “para mim não faz diferença desde que você se sinta bem. Se você está feliz com a escolha fico feliz também”. Assim, eles relaxaram e aproveitaram a situação para aprender que ainda que olhemos para a mesma situação podemos ver coisas diferentes e ainda que ouçamos as mesmas palavras podemos dar-lhes sentidos dessemelhantes. Enfim, pintar ou não as unhas é a escolha que cada um faz da perspectiva que cada um tem. Portanto, os fatos estão sujeitos as interpretações daqueles que o presenciam.

Como você pinta o teu mundo?

Moacir Rauber

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