Como você pede o que quer?

Como você lida com o que não quer?

A vida não havia sido fácil e as marcas da jornada apareciam no corpo. O rosto exibia os sinais de que os anos passaram. A cabeça quase sem cabelos testemunhava que a vida se encaminhava para a parte final. Entretanto, ele havia percorrido um belo trajeto. Há dez anos, porém, uma marca mais foi adicionada com o AVC que deixou sequelas em seu braço esquerdo, agora paralisado. A vida era mais difícil, mas seguia valendo a pena pelo bom humor que ele apresentava. O teatro estava lotado e esperava por uma de suas piadas de humor negro que contava. Quase todos a conheciam, mas queriam ouvi-la outra vez. Ele argumentava que nós não sabemos pedir. Disse:

– Veja só. Estava lá um homem como eu com o seu braço esquerdo paralisado. Ele encontrou uma lâmpada com um gênio e tinha o direito a um pedido. Ele não teve dúvidas, logo pediu ao gênio: “quero que meus braços fiquem iguais…”. “Só isso?”, indagou o gênio. “Sim, só isso”, respondeu o homem que desde então está com os dois braços paralisados.

Ele conta a piada e gargalha, acompanhado pelos presentes. Ao escutá-lo concordei que nós não sabemos pedir porque, muitas vezes, não sabemos o que queremos. Como ser mais claro em nossos pedimos no ambiente organizacional? O que fazer para que o outro escute aquilo que eu falei? São desafios comunicacionais diários numa empresa que geram conflitos e perdas. Portanto, é preciso aprender a identificar o que queremos para pedir o que precisamos. Desse modo, para a Comunicação Não-Violenta um pedido deve ser Claro, Positivo, Factível, no Presente e que revele uma Necessidade. O senhor que encontrou o gênio sabia o que queria? Provavelmente, sim, porém ele se expressou sem clareza, porque o gênio atendeu o que escutou, que era diferente daquilo que o homem havia pedido. O homem foi positivo em seu pedido? Na sua concepção, sim, na escuta do gênio, não. O pedido era factível? Para o gênio, sim, porém o resultado não atendeu as expectativas de quem pediu. O pedido estava no Presente? Sim, e uma vez realizado terá consequências para o futuro. O pedido revelou uma necessidade? Não, apenas que queria que os braços estivessem iguais e foi atendido. Portanto, cumprir com o passo a passo de maneira metodológica contribuirá para a diminuição de conflitos e a minimização de perdas pelas falhas na comunicação.

Enfim, como poderia o homem ter sido atendido naquilo que ele verdadeiramente queria? Primeiro, é fundamental identificar o que se quer. Você sabe o que quer? Provavelmente, o homem queria que o seu braço esquerdo, afetado pelo AVC, tivesse as mesmas funcionalidades do braço direito, ainda saudável. Tendo clareza naquilo que se quer se torna mais fácil entender qual a necessidade será atendida, assim como a expressar-se de forma positiva, factível e no tempo presente. Se ele tivesse dito: “ao ver o meu braço esquerdo paralisado, sinto-me frustrado. Tenho a necessidade de mobilidade de ambos os braços para trabalhar. Gênio, o senhor poderia restituir as funcionalidades do meu braço esquerdo para que ele possa cumprir com as suas funções?” Nesse pedido encontra-se um fato, registra-se o sentimento gerado e a necessidade que seria atendida. Porém, se o homem do braço paralisado tivesse aprendido o passo a passo da Comunicação Não-Violenta para fazer um pedido nós não teríamos a piada.

Você sabe lidar com o que não quer? Ressalte-se que o contador da piada não pediu o AVC, porém era uma realidade. O que fazer com os reveses da vida que revelam as nossas fragilidades e vulnerabilidades? Aceitá-los para convertê-los num presente é um recurso apresentado pela Inteligência Positiva. Esse é o verdadeiro poder da sabedoria.

Como você lida com as suas fragilidades e vulnerabilidades?

Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas,

e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus.

Filipenses 4,6

Moacir Rauber

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