De que lado você está?

Ouvia o meu amigo:

– Quando entrei naquela empresa, no primeiro ano eu fazia tudo que me pediam e um pouco mais. Sempre estava disposto a colaborar e as coisas aconteciam. Lembro que aceitei responsabilidades de um cargo sem receber nada a mais, inicialmente, depois veio o aumento de salário e o reconhecimento. Fiquei muito orgulhoso disso! Em outro momento, me ofereci para participar de um grupo de voluntários e foi como voluntário que conheci a minha esposa. Eu fazia aquilo porque gostava e acreditava. Um dia, um colega me disse, “Você é um puxa-saco!”. Não entendi bem, mas senti a acusação de ser traidor de algo. Parecia que eu não era bem visto porque estava contribuindo para a empresa e era acusado de estar do lado errado. Depois disso mudei. Quando percebi eu estava com o grupo de pessoas daquele sujeito que me havia criticado. Logo, comecei a criticar tudo. Para a empresa fazia só o que me pediam. Saí das atividades voluntárias. Não ajudava mais ninguém. Só reclamava. Dois anos depois saí da empresa, o que foi uma das grandes burradas que fiz na vida…

Normalmente, dentro de qualquer organização, os grupos que se preocupam mais em criticar do que em fazer simplesmente não conseguem ver as pessoas competentes fazendo o que deve ser feito, principalmente nos momentos de escassez de recursos. Frustram-se ao ver que os outros usam a sua criatividade, o seu entusiasmo e a sua iniciativa para ver os problemas para encontrar e propor soluções. Num momento evolutivo em que se descola da visão mecanicista da gestão em direção a uma visão flexível, os gestores e, consequentemente, as organizações finalmente entenderam que o Ser Humano deve estar no centro do processo. Não cabe mais a divisão entre “nós” e “eles” no ambiente organizacional ou em qualquer outro.

Lembrar que uma organização não tem lados pode ser uma boa base para se tomar boas decisões no momento que você participar de uma. Entender que se você está na organização foi porque escolheu estar e isso contribui para que a pessoa não se entregue ao conformismo, ao derrotismo e ao vitimismo. Os conformistas fazem apenas aquilo que lhe pediram para fazer. Recorde-se que estes são dispensáveis, porque para isso podemos programar computadores. Os derrotistas, frente a uma alternativa, dizem que as coisas sempre foram feitas assim por aqui. Importante ter em mente que para fazer sempre do mesmo jeito existem as máquinas e não se precisa de seres pensantes. E os vitimistas se colocam como se não tivessem alternativa, o que não é verdade: cada um é o protagonista das suas escolhas. Enfim, não deixem que conformistas, derrotistas e vitimistas os levem para o mundo deles, porque quando você se coloca no papel de vítima, ainda assim você é o protagonista da sua tragédia, da sua derrota ou do seu conformismo.

Por isso a pergunta: de que lado você está? Nas organizações, assim como na vida, não há lados, pois existem objetivos comuns e individuais que estão no centro das atividades. Porém, quando você perceber que está indo para um lado, aproveite, pule e saia da organização.

De que lado você está?

O trabalho faz parte da nossa vida e na vida não há lados, porque nós sempre estamos no centro dela.

Moacir Rauber

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