Do que você vive?
Depois de muitos anos sem ver, recebi em casa um amigo meu de longa data. Um daqueles amigos que participaram de algumas das situações mais difíceis da vida. Eu estava muito feliz. Quando chegou nos acomodamos à volta da mesa na varanda da casa. A noite foi passando, os temas foram se alternando. Ora falávamos dos projetos e das experiências com seus tropeços e acertos de um e ora do outro. Ele se apercebeu que eu não tinha emprego formal e que não tinha nenhum empreendimento que pudesse me gerar uma renda fixa. Com a curiosidade e a permissão que a nossa amizade dava, ele me perguntou:
– Mas você vive do quê?
Sim, parecia estranho que não tivesse nenhuma das premissas convencionais para me sustentar. A primeira resposta que lhe dei foi:
– Vivo de amor!!!
Rimos da resposta. Depois compartilhei com ele as atividades que realizo para cumprir com as obrigações da realidade ordinária. Afinal, as contas de moradia, água, luz e internet chegam, assim como as compras de supermercado para alimentação e higiene precisam ser feitas. As necessidades básicas precisam ser cobertas e felizmente tenho conseguido atendê-las de maneira satisfatória ao longo da vida. Em seguida voltamos para a primeira resposta que de utopia pode se transformar em realidade ao se explorar mais detalhadamente a situação. Começamos a analisar que sim, tanto ele como eu vivíamos de amor ao afetar e sermos afetados nas nossas relações. Podíamos falar do amor de amigos, algo que nos unia a mais de quarenta anos pela força do afeto. Muitos amigos afetaram a minha vida com o seu afeto, assim como, de alguma maneira também eu os afetei. Podíamos falar do amor da família que afeta, quase sempre, com AFETO. Tive o privilégio de ter o amor dos meus pais e ainda tenho a oportunidade de fruir da presença afetiva dos irmãos, sobrinhos e outros membros da família. Vivo o amor conjugal que me afeta de uma maneira divina que não acreditava ser possível. Tive a possibilidade de passar por organizações que me afetaram muito pela presença de pessoas que com o seu afeto moldaram e mudaram a minha vida ao dar sentido àquilo que fazia e faço. Muitas dessas pessoas estão entre os amigos. Outras cumpriram o seu papel ao afetar com o afeto que possuíam e seguiram por outros caminhos. E os desafetos? Sim, também existiram desafetos que escolhi não ser desamor nem rancor, mas sim pessoas com ideias diferentes que também me afetaram com aquilo de que dispunham. Crises e dor? Sim, mas a escolha de carregar isso comigo ou desapegar era minha. Por isso, acredito realmente que vivo de AMOR e de AFETO. Afinal, eu AFETO o mundo que me afeta. Com AFETO as relações de amizade são melhores com a consciência. Com AFETO as relações familiares são mais tranquilas e serenas. Com AFETO as relações profissionais são mais autênticas, transparentes e até mais lucrativas. Trata-se de alinhar a intenção com a ação para que A Força da Esperança no Trabalho Orientado para o AMOR apareça.
Viver de amor é utopia? Meu amigo e eu acreditamos que não, que é possível viver com amor, porque é uma maneira humana, inteligente e divina de escolher viver a própria vida. Porque quando o final da vida se aproximar e cada um olhar para trás vai se aperceber que os melhores momentos foram aqueles vividos com amor próximo das pessoas que são importantes. Que as melhores lembranças são das decisões leais e justas para com você e com aqueles com quem você conviveu. Que as melhores escolhas que você fez mantiveram a sua integridade e para isso é preciso de AMOR, porque você AFETA o mundo e com AFETO o mundo é melhor.
Olhe para dentro de si mesmo e o amor vai prevalecer.
Moacir Rauber
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