É final de ano: como você está?
O final de ano se aproxima e ela está assoberbada de tarefas com a impressão de que o ano não quer acabar nunca. Ao longo do ano ela aceitou participar dos diferentes grupos de trabalhos voluntários a que a empresa incentiva que os colaboradores se engajem. Um grupo para distribuir quem trabalha com o Natal Solidário. Outro grupo de atenção a saúde mental daqueles que se afastaram por algum distúrbio de ordem emocional. Mais um grupo que contribui com os dependentes químicos do bairro onde está localizada a empresa, além de iniciativas da comunidade onde ela vive. Os compromissos se sobrepõem e o trabalho se acumula. Os resultados mensuráveis do seu desempenho diminuem. Na última semana ela explode ao ser confrontada com uma demanda profissional no mesmo horário de um compromisso voluntário incentivado pela organização:
– Não aguento mais!!!
Foi um acesso de cólera seguido de uma crise de choro. O diretor fica calado frente ao desespero da colaboradora mais prestativa e menos conflituosa. Depois de um período de tempo ele pergunta:
– O que está acontecendo?
Ela se acalma e busca explicar:
– É que eu estou cansada. Passei o ano ajudando por todos os lados e agora eu não consigo concluir as minhas atividades.
Você já passou ou presenciou uma situação semelhante? Trata-se de pessoas que se sobrecarregam de atividades que as levam a exaustão física e emocional. O que fazer para evitar o cansaço da sobrecarga que pode nos conduzir a um estado de quebra emocional ou de esgotamento? O sentido comum sempre nos avisou para “contar até dez” antes de responder, seja para dizer “sim” ou “não”. As principais correntes religiosas e filosóficas indicam a oração e a meditação para alinhar as intenções com as ações. A Ciência Comportamental criou metodologias que nos auxiliam nesse processo, como a Comunicação Não-Violenta (Rosenberg) e a Inteligência Positiva (Chamine). Uma nos diz para observar sem julgar ante qualquer situação para escolher com a consciência de quem é livre. A outra nos alerta para o conjunto de sabotadores internos que nos levam a fazer o que não queremos. Entendo que no atual cenário o cansaço e a sobrecarga são mais intensos porque nos afastamos de nossa essência ao viver num mundo dividido entre o virtual e o físico, fonte de estímulos que favorecem o fenômeno.
Voltando ao caso da nossa amiga que teve uma crise de choro ao entender que não conseguiria realizar tudo o que se propôs a fazer, depreende-se que ela foi vítima de dois de seus sabotadores internos: o prestativo e o esquivo (Chamine). O prestativo procura angariar a atenção e o reconhecimento dos outros ao estar sempre disponível para os demais. Termina por se sobrecarregar de trabalhos que geram um cansaço excessivo. O esquivo evita as situações que possam produzir um desconforto, mantendo o foco no agradável. Por isso, muitas vezes diz “sim” para evitar o suposto incômodo que poderia resultar ao dizer “não”. Some-se a isso a necessidade do sabotador prestativo que busca a aceitação e o reconhecimento e rapidamente você estará sobrecarregado de tarefas e compromissos que se tornam inexequíveis ao longo do ano. Talvez, o primeiro passo seja fazer uma pausa para identificar a razão que o leva a dizer “sim” para aquilo que não quer e a dizer “não” para o que quer. Você fez isso em 2023?
Por isso, nesse tempo de final de ano aproveite para fazer uma Pausa consciente para observar com clareza e evitar juízos de valor; analisar quais os sentimentos envolvidos que cada situação desperta em você; identificar quais as necessidades serão cuidadas e quais não ao dizer “sim” ou “não”. Com essa consciência entre em 2024 com a certeza de fazer aquilo que você escolheu fazer. Assim, desejo que você chegue ao final do ano com a sensação do cansaço do bem, que é quando se vive a plenitude das suas capacidades.
FELIZ 2024!!!