É Natal: você está cansado?

Mais um final de ano com os compromissos de sempre: confraternizações, última reunião dos grupos, jogo de despedida com os amigos e as festas em família. Deveriam ser expectativas boas, porém, ao conversar com algumas pessoas percebo que muitos já não desfrutam das socializações que estão por vir. Falava com um casal de amigos e eles relataram todos os compromissos que os esperavam até final de ano. O cansaço que se refletia na fala:

– Estamos cansados!

A continuação os dois comentaram das dificuldades do ano que termina, que gerava toda essa sensação de cansaço e de sobrecarga que igualmente transmitiam na expressão do rosto e na postura do corpo. Algumas questões: o que está cansando você? Você está sobrecarregado com o quê?

Num momento em que estamos expostos a tantos estímulos que se desdobram em mundo virtual e físico, ambos reais, cansar-se e sobrecarregar-se pode acontecer rapidamente. Algumas pessoas se cansam, porque gostam que tudo esteja ordenado da sua maneira, os perfeccionistas. Outras pessoas se cansam ao não fazer o que precisa ser feito no momento que se deveria fazer, os procrastinadores. O que fazer para evitar o cansaço da sobrecarga? Antes de mais nada, faça uma Pausa. A Pausa, ainda que por alguns segundos, é uma estratégia que permite a que cada um tome consciência da melhor escolha a ser feita. A Pausa como ferramenta está presente no sentido comum com a indicação de contar até dez antes de responder; na espiritualidade ao propor as orações e as meditações para alinhar as intenções com as ações; e, por fim, a ciência comportamental cria metodologias que estrutura aquilo que já se sabia. Na situação descrita, pode-se usar a Inteligência Positiva ao identificar alguns sabotadores que nos levam a fazer escolhas que geram o cansaço e a sobrecarga. A primeira razão revela o sabotador nominado como “insistente”, traduzido como perfeccionista, fonte do cansaço e da sobrecarga. Ele se cansa porque se sobrecarrega ao querer que tudo esteja organizado, limpo e ordenado da sua maneira. Trabalha, retrabalha, sobrecarrega-se, irrita-se e se cansa. Na segunda razão, o cansaço que gera esgotamento revela o sabotador chamado de “esquivo”, que deixa de fazer o que precisa ser feito no momento adequado. É o procrastinador que vai deixando para mais tarde os compromissos livremente assumidos. Sofre porque não fez e se esgota ao fazer atropeladamente o que já deveria ter feito. Por isso, para identificar os sabotadores é preciso uma Pausa, pois ela permite que se use a Comunicação Não-Violenta para saber o que é fato ou interpretação; quais os sentimentos que isso gera; quais as necessidades que busco atender; e a expressar-me de forma assertiva sem ser mal-educado. Nessa pausa, aparece o sábio com os recursos internos que nos permitem ser empáticos; explorar o caminho a ser escolhido; navegar por alternativas; inovar nas respostas; e ativar as intenções alinhadas com as ações. Portanto, ao usar os recursos descritos na Inteligência Positiva e na Comunicação Não-Violenta se pode viver plenamente sem o cansaço oriundo da sobrecarga. Com isso, provavelmente, o meu cansaço virá de escolhas que fiz com a consciência de que era a opção a ser feita. É o cansaço do bem!

Por fim, a Pausa pode oferecer a cada um o tempo necessário para saber se é o perfeccionismo ou a procrastinação que está me sobrecarregando e gerando um cansaço que não preciso. É através da pausa que posso deixar de ser prisioneiro dos comportamentos sabotadores, porque sempre temos uma escolha. Desse modo, a vida pode ser vivida com os cansaços vindos das escolhas que façam sentido e não de uma sobrecarga que nos cansa e, provavelmente, cansa aos demais.

Finalmente, que neste Natal o meu cansaço seja razão de bem estar para os que me rodeiam e de felicidade para mim.

“Vinde a mim, todos os que estão cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”

(Mateus, 11:28-29).

Moacir Rauber

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Inspirado: Frei Nelson Medina

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